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sábado, 28 de janeiro de 2017

A tentação

Tenho frequentemente a tentação de, enquanto escritora, dar conta a minha vida a cada passo que dou, aqui ou numa rede social. 

Tenho, por exemplo, a tentação de vir a correr contar que acabei de fazer uma revisão de texto, mesmo que seja a terceira ou quarta, se preveja pelo menos mais uma, depois de editado por quem sabe da poda, e não haja ainda data de publicação, como aconteceu esta manhã com A Chama ao Vento.

Ou de vir de imediato anunciar a data em que sairá o meu próximo romance, porque falta mesmo pouco, mesmo que a data ainda não esteja completamente assente (pode ser um dia ou outro dia), não haja capa e seja provável que ainda tenha lugar mais uma revisão, talvez em papel.

Ou partilhar excertos de textos que ainda não estão na sua versão final.

Ou as dificuldades inerentes a este trabalho, à pesquisa, à produção, à falta de tempo, às inseguranças e dúvidas e à vontade ocasional de mandar tudo às urtigas, porque, afinal de contas, poucos dariam por isso. (esperem, não assumam ainda que vivo em depressão, eheheh, porque:)

Ou partilhar o gozo que é ter criado estas histórias, estas personagens, o gozo que é trabalhar com a minha lindíssima língua-mãe, e saber que a leitura deu prazer a uns quantos leitores e talvez até tenha um ou dois... eeehh... vá, um ou dois fãs, que, sabendo que vem aí novo livro, o aguardarão cheios de vontade de ler. Partilhar o essencial que seria para mim continuar a escrever, mesmo que o fizesse só para amigos... porque não, não acredito no escritor que publica, mas diz que escreve só para si.
    
Posto isto, vou resistindo diariamente a todas estas tentações, porque uma coisa é a pessoa, que quer partilhar tudo, outra o escritor, que tem a obrigação de resguardar o seu trabalho até estar em condições de ser lido. De quando em quando acabo por ceder, como hoje. Hoje estou mesmo satisfeita: a revisão do Chama correu-me bem, matei muitos "darlings", mas é a última antes de ser visto pela editora. O Ano da Dançarina vem mais cedo do que esperava. Estou ansiosa pela capa. E posso dedicar-me ao projecto que deixei a meio. E voltar a ler! Suspendi todas as leituras para rever, mas agora estou a começar A História de Quem Vai e de Quem Fica. Iuuuupppiiii!!! 

Prometo que a proxima publicação do monster será de outro tipo. 


sábado, 9 de julho de 2016

Revisão e excerto

E terminei a primeira revisão! 

Para o bem ou para o mal, foi a revisão mais rápida que alguma vez fiz, e nem foi por me ter apressado - voou debaixo dos meus dedos! 

Cortei alguma coisa, pouco acrescentei. Agora só volto a pegar-lhe depois de ter tido notícias da editora!  Outras virão, talvez com valentes alterações, mas para já parto para outra revisão, a do A Chama ao Vento, com a barriga cheia... e não é só porque acabei agora mesmo de almoçar (o que também é verdade). Ehehehe. *Mum joke*

Ficam alguns parágrafos  do Dançarina, um cheirinho apenas da história...

O início do capítulo 2.


Foi uma sacudidela mais brusca, as rodas saltando nalgum buraco ou pedra dos que minavam a estrada de terra, que despertou César. Abriu os olhos com um sobressalto, sentou-se muito direito, sacudindo outra vez contra a porta, e engoliu uma exclamação de pavor.
- Está tudo bem. Aqui há mais buracos, foram as granadas… mas já foi há muitas semanas – disse-lhe o condutor, a voz rolando de trás do bigode como um pequeno trovão. – O senhor adormeceu.
A constatação embaraçou César. No início da viagem, espreitava a estrada e os campos como se, a qualquer momento, um batalhão alemão pudesse sair de debaixo do chão. Não se apercebera do momento em que a exaustão o arrastara, suprimindo o medo e a curiosidade, e o fingimento deixara de sê‑lo, nem sabia quanto tempo teria dormido, com a cabeça caída sobre o peito, sacolejando ao sabor das irregularidades do pavimento e dos protestos da viatura. Esfregou o pescoço rígido e espreguiçou-se discretamente, sentindo as dores que lhe tolhiam os movimentos. Fora chacoalhado e sovado desde Dover e o corpo queixava-se como se tivesse seguido numa velha carruagem dias a fio.  
- Estamos quase a chegar, daqui a pouco já consegue ver o Hospital. Ambleteuse é depois. – informou Jacques – Aqui pela costa, como vê, não corre perigo. Só dos buracos ou de algum coelho que o assuste.
César preferiu ignorar a provocação. Estava demasiado cansado e ansioso e imaginava que parecesse um pouco louco, com a sua urgência em vir meter-se no lugar de onde todos gostariam de escapar-se. A sorte, porém, devia estar do lado dos loucos, porque ali estava, incólume e já muito perto de Ambleteuse. Pagaria ao homem de acordo com o combinado e isso era o suficiente, os seus motivos, ainda que nada tivessem de secretos, eram só seus. Não sentia necessidade de justificar-se. Olhou em volta e para cima, para o céu onde agora o sol brilhava alto, entre nuvens que o iam cobrindo a espaços irregulares. Não via o mar, mas pressentia-o próximo, no brilho e na textura do ar. Devia passar do meio dia e eles continuavam a rolar entre campos onde, aqui e ali, se adivinhava a intenção de uma plantação, rectângulos de milho ou batata, mas que era, na sua maioria, terra inculta a perder de vista. César conseguia imaginá-la antes da guerra, verdejante no mês de Abril, prometendo fartura onde agora só haveria fome. Fome e morte. Ao fundo, do seu lado, um celeiro em ruínas e um casebre sem porta e quase sem telhado denunciavam a passagem das tropas.
Voltou-se para trás, curioso, e vislumbrou a torre semi-destruída de uma igreja, erguendo-se um pouco acima de um corpo de pedra antiga, que talvez tivesse sido bonito antes de lhe serem arrancadas duas paredes. Em seu redor, jaziam as ossadas de uma aldeia, meia dúzia de casas escuras, onde talvez já só vivessem algumas mulheres, crianças e velhos, talvez ninguém. De algumas restavam apenas escombros, uma parede, um monte de pedras, um improvável vão de porta. Quanto tempo teria a destruição, uma semana e meia como a batalha que o touxera ali, um mês, um ano? Quanto tempo seria necessário, quando por fim a guerra terminasse, como terminavam todas, para fazer renascer a terra, as aldeias… quantas delas nunca mais voltariam a ser habitadas como dantes?
         - Já cá estamos. – anunciou Jacques.


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Amor em dose dupla - campanha Coolbooks

Na semana do amor, a Coolbooks promove uma campanha dedicada aos grandes sentimentos, e em dose dupla, que inclui A Chama ao Vento e sete outros títulos. 

Para quem anda curioso, é uma fantástica oportunidade para conhecer não só o meu ebook, mas outro ainda... e um deles virá como presente!



Consultem a campanha no site da Coolboks, AQUI.



quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Campanha Coolbooks


A Coolbooks encontra-se a dinamizar uma campanha de promoção com os livros mais procurados de 2014. 

Válida até ao dia 21,  permite aos interessados adquirirem as seis obras mais procuradas da Coolbooks, entre as quais A Chama ao Vento, com um desconto de 20%.

Consulte a campanha aqui.

Adquira Chama ao Vento, aqui.

Um corpo anónimo é lançado à água num misterioso voo noturno sobre o Atlântico…

Vivem-se os anos mais negros da Segunda Guerra Mundial, e a vida brilha com a força e a fragilidade de uma chama ao vento. Na Lisboa de espiões e fugitivos dos anos 40, João Lopes apresenta à sua amiga Carmo um estrangeiro mais velho, homem de segredos e intenções obscuras que depressa a seduz, atraindo os dois jovens para uma teia de mistérios e paixões de consequências imprevistas.
Anos volvidos, Francisco, jornalista, homem inquieto, pouco sabe de si próprio e menos ainda de Carmo, a avó silenciosa que o criou, chama apagada de outros tempos. É João Lopes quem promete trazer-lhe a sua história inesperada, história da família e dos passados perdidos nos tempos revoltos da Segunda Grande Guerra e da Revolução de Abril. Para João, é uma história há muito devida. Para Francisco, o derrubar dos muros que ergueu em torno da memória e da própria vida.
Um retrato íntimo de Portugal em três gerações, pela talentosa escritora de Alma Rebelde.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Se é para balanço, balancemos...

... esquerda-direita-esquerda-direita-esquerda-direita... 

Direita... esquerda...Comecemos então pela família, que está bem e se recomenda e adquiriu mais um membro, quiçá o mais bonito de todos nós: a Pepita!

A nossa favorita está agora em convalescença da esterilização, que, segundo a cirurgião, no caso dela era essencial (coisas hormonais que não vou fingir que entendo!) Anda de corpete, o que com o frio que está nem calha mal.






Esquerda... direita... Passemos ao que aqui importa, porque este é um blogue de livralhada: foi um ano de altos e baixos. 

Como leitora, não foi mau, ainda que tenha lido muito menos do que no ano passado. Diz o GR que foram apenas 27 livros, o que não é verdade, porque nem sempre "conto" ao GR os meus pecadilhos. Li uns quantos guilty pleasures que me satisfizeram momentaneamente, mas não classifiquei e já esqueci. No seu conjunto, devo ter lido pelo menos mais uns dez livros do que anuncia o GR. Isso importa? Nadinha. Importa que li muita coisa boa, imensa coisa mais ou menos e tenho uma pilha crescente de pequenas maravilhas por ler. Parece que dei 5 estrelas a apenas 4 livros:






Neste momento já não sei dizer porquê só estes, há uns quantos nas 4 estrelas que, à distância, sei que adorei: Tales of Ordinary Madness, O Último Cabalista de Lisboa, Angelfall... Também desisti de dois ou três, e pelo menos um deles não sei porquê... Estou neste momento a ler A Filha do Barão, que avança com lentidão por motivos que em nada se prendem com o livro, de que estou a gostar bastante, e que portanto já não termino este ano. Será o primeiro de 2015.

Esquerda... direita... Como autora... que ano! Que raio de ano!

Este foi o ano em que apostei num novo formato, o ebook, e, embora sem problemas com a editora e menos ainda com o livro, que foi apreciado por quem o leu, compreendi que esta era uma aposta para a qual não estava preparada. Sinto ainda muita falta do livro físico, de poder senti-lo nas mãos, virar as páginas, assiná-lo, oferecê-lo. O livro está-me no coração, mas foi pouco lido...  Podem espreitar as opiniões de quem leu.

Foi o ano, pois, em que quase desisti - não da escrita, seria impossível - mas de tentar alargar o círculo dos que me leem. Ou seja, da publicação de livros.


Pelo meio ainda tive sessão de autografos na Feira do Livro (do Alma Rebelde), que, apesar da excelente companhia do Paulo M.Morais e da Sofia Teixeira, não chegou para me animar. 

Esquerda... direita... Surgiram ainda projectos interessantes: 


Integrei o NAU, do qual tenho já aqui falado muitas vezes. Espreitem o blogue, que os autores são bons. São bons autores e ainda melhor gente! Nem sempre os encontros pessoais são possíveis, cada um com as suas rotinas, mas estamos à distância de um clique e conseguimos dois belos jantares juntos (quase de trabalho, vá) e uma tarde fantástica com a Roda dos Livros. Tem sido, por muitos motivos, nem todos bons, um projecto de arranque lento... Mas devagar se vai ao longe, não é verdade?  

Fui também convidada pela Sofia Teixeira a participar com um conto, coisa nova para mim, na colectânea de aniversário do blogue Morrighan, Desassossego da Liberdade, ao lado de autores como Pedro Medina Ribeiro, Manuel Jorge Marmelo, Luís Rocha, Nuno Nepomuceno e Samuel Pimenta, e ainda dois convidados especiais vindos do mundo da música, Noiserv e Guillermo de Llera (Primitive Reason). Só sai em 2015, mas com o conto entregue e os concorrentes selecionados, está semi-feito para mim. A seu tempo teremos o produto. A seu tempo talvez tenhamos também mais contos, como o da colectânea ou este, de Natal, escrito para o Crónicas de uma Leitora.

Direita... esquerda... Não sendo de desistir facilmente, já o ano estava quase no fim tive a minha recompensa - nova editora, a Marcador, e novo livro... sim, ainda é novo, saiu este mês. Foi um processo relâmpago, que me deixou em alvoroço algum tempo, a correr para que tudo ficasse pronto, e depois me atirou para andanças novas e aflitivas (e divertidas!), como o anúncio para a RTP...



Depois disso, o lançamento, doente e quase sem voz, o que esqueci completa e rapidamente com a companhia de excelentes amigos e algumas surpresas deliciosas. Foi acolhedor e muito bom. O livro, de que tanto gosto, tem suscitado curiosidade e quem o tem lido e opinado no GR tem gostado, o que me deixa muito feliz e com alguma esperança. 

Houve um belo "Chá de Livros" na minha escola, com muitos goodies doces para celebrar o Natal e o Cavalheiro e Gago Coutinho (também esteve presente a biografia escrita pelo meu colega Rui Costa Pinto) como estrelas da companhia. Para o que mais vier, cá estarei!

E pronto, esquerda... direita... está feito! O ano, que começou tão negro, foi-se portanto iluminando aos poucos, o suficiente para me animar a escrever o próximo, que já tem enredo (vá, o principal) e pesquisa feita, mas ainda não chegou à meia centena de páginas. Pudera, ocupo-me a fazer balanços em vez de escrever! 

Para o próximo ano, vou repetir os meus desejos de sempre, à cabeça dos quais nem sequer estou eu, mas a prole. Sabe quem a tem que vem sempre primeiro... Algures pelo meio estarão os livros... 

E para todos um EXCELENTE 2015!

terça-feira, 26 de agosto de 2014

O blogue faz 3 anos... e há passatempo!


Quem vai seguindo este monstro sabe que os passatempos por aqui são raros, mas o blogue faz 3 anos... e os passatempos serão 3!

O primeiro começa hoje, o segundo na sexta feira, dia 29, o último na terça feira, dia 3. Todos terminam no dia do meu aniversário, a 6 de Setembro, em que eu e o monster distribuiremos as prendinhas.

Vamos então a isso.

O primeiro sorteio será dos meus dois livros. Isso mesmo, dos dois. Sortearei o Alma Rebelde em papel e o A Chama ao Vento em ebook, num pack. E como? 

Quem vencer receberá pelo correio o exemplar do Alma Rebelde, autografado se o desejar (confirmarei por email) e um postal com a capa do ebook. Nesse postal constará um código que, inserido na wook, dará acesso a um exemplar do livro, que poderá ser lido off-line, tal como se fosse comprado. 

E as regras.
  1. O passatempo termina às 23h59m do dia 5 de Setembro. O sorteio será feito no dia 6 de Setembro através do random.org, após o que será publicado o resultado e contactado por email o vencedor. Em caso de ausência de resposta, será feito novo sorteio em 48h.
  2. Serão aceites as participações de portugal continental e ilhas, apenas uma por participante.
  3. Serão válidas todas as participações completas (nome, morada e endereço electrónico). 
  4. É necessário que o participante seja ou se torne seguidor do blogue e da página do facebook, em https://www.facebook.com/carlamsoares.pt.


sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Uma carta de Angola

A Chama ao Vento não é parcialmente feita de cartas e mensagens, como o Alma Rebelde, mas tem, quase no fim, esta missiva muito sentida. 

Angola, 27 de abril de 1974

Minha querida mãe, 

(foto de Fernando Farinha,  em http://olivaria.blogs.sapo.pt/24276.html)
Não sei quantas vezes terei ainda oportunidade de escrever-lhe, mas não queria deixar de mandar uma palavrinha, para que durma mais descansada, sabendo que continuo vivo e que ninguém conseguiu quebrar-me a vontade. Ainda sou eu quem lhe fala, inteiro e vivo. Tranquilize-se, que é assim que quero continuar, para poder um dia voltar a vê-la, e voltar a estar nos braços da minha Sabinne e criar o meu filho. 

A viagem não correu mal, apesar de ter sido demorada. Estivemos muitos dias no mar, mas a corveta é sólida e, felizmente, não apanhámos nenhuma tempestade. Desembarcámos fartos do balanço, a mãe sabe como eu enjoo, e com as pernas bambas, mas vivos. Fomos imediatamente enviados para uma província qualquer a Norte. Desculpe, não sei se posso dizer-lhe onde estou. Prefiro não dizer, receio que a carta não siga, se o fizer. A verdade é que também não sei muito bem que lugar é este. Estou num aquartelamento no mato, que é todo igual, árvores e mais árvores. Aqui perto há uma aldeola, com uma tasca de um português, que nos serve um borrego gorduroso quando lá vamos, com vinho barato, e pouco mais. Mas sabe-nos bem, mãe, é como se estivesse ali um bocadinho de Portugal. Há muitas cubatas, que são as casas dos pretos que cá vivem. Não sei mais nada. Também não vale a pena falar-lhe da minha vida aqui. Não fazemos grande coisa, por enquanto. A maior parte do tempo, comemos e dormimos. De vez em quando, mandam-nos em missão, varrer o mato e as aldeias, à procura de patrulhas deles, e calha lutarmos. Às vezes temos medo, uns dias mais, outros menos, mas não serve de nada. Uns morrem, outros vivem mais um dia. A guerra é a guerra, sobrevivemos ou não. Mas não se preocupe comigo, mãe, sou cuidadoso e a sorte há de estar comigo. 

O que eu quero realmente, minha mãe, é perguntar-lhe como está. Nem sei se esta carta seguirá, quanto mais se uma resposta chegará até aqui mas responda-me na mesma, se puder, quero muito saber de si e do Francisco. Desculpe ter deixado nas suas mãos essa responsabilidade, sabendo que esse homem, o dono dessa casa, não vai dividi-la consigo. Quero que saiba que tanto eu como a Sabinne amamos muito o nosso filho, imagino que ela não tenha tido palavras para dizer-lho. Talvez a mãe pense que ela o abandonou. Não é assim, fui eu quem lhe pediu que saísse de Portugal como pudesse, que fosse construir uma vida na terra onde nasceu. Tem lá família que pode ajudá-la. Um dia, não sei quando, há de vir um telefonema, uma carta, a pedir- lhe que mande o Chico para a Alemanha. E eu espero poder juntar- me a eles um dia, quando esse país e este inferno esta terra já não me amarrarem as pernas. Entretanto faça o que puder. A mãe sabe, o Chico é um pouco teimoso, mas é um bom menino. Sei que a mãe é pouco amiga das palavras, mas ajude-o a compreender. Devia ter passado mais tempo com ele, ter-lhe dito que é uma criança maravilhosa, que o amo muito. Andei tão aflito com tudo enquanto estivemos escondidos, que me esqueci dessas coisas importantes. Não sei se quando terei oportunidade de dizer-lho… diz-lhe a mãe por mim, se eu não puder? A mãe diz-lhe que o pai pensa nele no escuro da noite? Que luta todos os dias para poder voltar para esse país maldito, só por sua causa? Diz-lhe que a mãe não queria ir-se embora, que há de voltar? Diz-lhe que os pais lhe querem bem e vão buscá-lo um dia, muito em breve? Perdoe-me, mãe, se lhe pareço aflito. Não se preocupe comigo, por favor. É que aqui tudo incha com o calor e a humidade, até o senti- mento. Nem eu me reconheço, às vezes. Fique bem, minha mãe, e não se esqueça de mim, que a amo muito também.

Do seu filho, Joaquim




A Chama ao Vento, pág 416-17

sábado, 5 de julho de 2014

O top de ebooks tem sido uma montanha russa..

Desde que o A Chama ao Vento saiu, que tem estado sempre no top 10 dos ebooks, embora em diferentes posições. Esteve no 2º lugar, depois no primeiro bastante tempo... depois no 7º. Depois voltou ao 2º. Depois caiu para o 6º. Mas sempre lá. Como não vejop todos os dias, não tenho como saber se ainda houve mais agitação, para cima, para baixo, ou até para fora e para dentro do top. Mas vou vendo de quando em quando, por ser a única forma (muito limitada, claro) de saber como se sai o livro. Para além das opiniões, que são importantes, mas não têm sido muitas.






Isto até ontem ou anteontem. Lembrei-me e fui espreitar e o livro não estava no top. Pensei eu "Pronto, é aquele momento em que o livro começa a cair no esquecimento, até fiz um pequeno comentário no facebook, que suscitou uma bela discussão, mas apaguei, porque concluí que podia soar a uma coisa que não era: uma lamentação. Os livros têm um ciclo de exposição e destaque muito curto, até serem ultrapassados pelas novidades. Isto em papel. Em ebook... é tudo novo para mim. A tendência foi achar que, como tudo na net, seria um ciclo mais veloz. Durou dois meses e meio. "Nada mau", pensei.

Por isso, qual a minha surpresa quando hoje decici verificar afinal até onde tinha caído o livro e o descubro... outra vez na 3ª posição do top!! Imediatamente atrás do Servidões, do Herberto Helder, e de A Rainha Ginga, do Agualusa! É oficial: desisto de entender. Não faço ideia quais são os critérios, se são diários, semanais, de vendas globais... nem quantos exemplares um livro tem de vender para estas idas e vindas... nem... Nada. Não entendo nada.



Por isso, rendo-me. Fico contente por hoje, amanhã logo se vê.

Para comprar o livro,  basta aceder por aqui, ou carregar na imagem à esquerda do ecrã. Boas leituras!

domingo, 29 de junho de 2014

Imagens que inspiraram, parte 3 (e última!)

Terceira e última publicação de imagens e seus excertos do A Chama ao Vento. As primeiras páginas do ebook podem ser lidas aqui, e pode ser comprado aqui.

Enjoy! 


Mais tarde, Dekel fechara-se em copas perante as suas perguntas, sobre quem eram eles e o que faziam em Lisboa, de onde os conhecia, e apressara-se a desviar o assunto para qualquer coisa engraçada. Mais do que tudo, isso intrigara João. Não havia razão para fazer segredo, mesmo que fossem ilegais. Havia tantos que permaneciam meia dúzia de meses escondidos‑à‑mostra, numa situação relativamente precária, à espera de lugar num paquete ou num hidroavião que os levasse para as Américas, que passara a ser um desses segredos que toda a gente sabe mas finge que não sabe, não vá estar por ali algum alemão ou simpatizante nazi mais sensível.



Desistindo de lutar consigo próprio, entrou à socapa e avançou de cabeça baixa, serpenteando para evitar as pessoas que passeavam os seus fatos elegantes, ao som de blues e de canções românticas vindas do outro lado do oceano. A música era um pano de fundo poderoso, que permeava o próprio ar. Nesse momento, a banda tocava Getting Some Fun Out of Life, da Billie Holiday, um complemento pungente para o ambiente do salão, ao mesmo tempo exuberante e tenso. Deu por si, enquanto avançava, pensando na ironia daquilo. Aquela gente parecia divertir-se mas, talvez graças às palavras amargas de Dekel ou à sua angústia pessoal, ou ambas, não sabia, tornara-se subitamente muito clara a presença da fera, dormente mas capaz de erguer a cabeça a qualquer momento e devorá‑los a todos. Dormitava no swing da música e na alegria trágica do riso, na dança e na bebida, prazeres imediatos em que se afogavam os fantasmas que todos traziam colado aos ossos... Não. Para os estrangeiros exilados temporariamente na paz luxuosa e artificial do Estoril ou noutro lado qualquer, a maioria ali, o horror não era nenhum fantasma. Para Pavel e Will, para Dekel, não era um fantasma. Eles traziam os vestígios da morte na alma, memórias de perda e a dor do irrecuperável. Para eles, a guerra tinha um corpo consistente, monstruoso, e os muitos rostos hediondos dos seus carrascos.


Tirou devagar um lenço do bolso e limpou a testa e o pescoço. Agora era uma questão de tempo. O hidroavião já tinha os motores em movimento, roncavam no silêncio da noite como dois pequenos animais. Em poucos minutos, Dekel seria engolido por ele e, no seu ventre, faria essa viagem através do oceano, que o transformaria em pouco mais do que uma miragem nas suas vidas. Acabar-se-ia tudo, não só o mistério, mas toda a emoção e o tumulto que Dekel trouxera à sua vida e sobretudo à de Carmo. ~

repito: (estas imagens, como disse, foram recolhidas na net. Se a publicação no monster ofender susceptibilidades ou direitos de autor, uma mensagem basta para que as retire de imediato... De resto, obrigada a quem em primeiro lugar as tornou públicas)

sábado, 28 de junho de 2014

imagens que inspiraram, parte 2

Alguém disse, numa das primeiras opiniões, que ler A Chama O Vento lhe tinha dado uma fome bestial, em momentos, e vontade de tomar um cafézinho, porque estão referidas pastelarias e cafés de Lisboa, uns identificados, outros não...

É a segunda partilha de fotos inspiradoras, uma amostra entre as muitas que fui guardando em pastas... As primeiras páginas do ebook podem ser lidas aqui, e pode ser comprado aqui.

Enjoy!



Olhei de esguelha para a foto que guardara para o fim. Devia ter sido tirada por um daqueles fotógrafos de câmara às costas das pracetas de Lisboa, que costumavam esperar lá por quem quisesse congelar um momento no tempo. Pareceu-me que talvez estivessem junto à fonte do Rossio. Ao fundo distinguia uma esplanada que podia muito bem ser a da Pastelaria Suiça. O ambiente era inteiramente Cary Grant, mulheres e homens de chapéu, fatos de época, uma certa agitação em suspenso... Sorri involuntariamente, imaginando a avó num filme de espionagem, a preto e branco, que tinha visto na televisão há muitos anos. Não me recordava do nome, mas as imagens tinham-me ficado na memória, por ter sido filmado em Lisboa. Era risível, a ideia.



- Já lho tinha dito. Que amei a sua avó. – esperou que eu anuísse antes de prosseguir – Reencontramo-nos em 1940, já a Europa estava em guerra há dois anos e Lisboa estava cheia de estrangeiros. Há muito tempo que não a via. Desde ‘35 ou ‘36 que não íamos ao norte, o pai andava demasiado ocupado, e tinhamos feito amigos por cá. Ir a Braga deixou de ser importante... Quando se está bem, as raízes são fáceis de esquecer. – suspirou –  Adiante. Sabe como meia dúzia de anos são uma eternidade na vida de uma criança? A Carmo era uma menina em Braga, e de repente voltei a vê-la, em plena Lisboa, e já não era. Um dia, estava eu na esplanada de uma pastelaria na Avenida da Républica que já não existe há muitos anos, um desses sítios que o tempo varreu da memória... – riu-se baixinho, muito longe no tempo – Já nem me recordo do nome. Bom, mas lá estava, quando a vi.



- Por isso é que deixamos de nos encontrar ao pé da escola. – prosseguiu ela – Disse-lhe que tinha medo se ser vista, mas foi mais por causa delas e... bom, para não ser vista também. Nas últimas semanas, temo-nos encontrado sozinhos. Fomos de táxi à Baixa, para lanchar na Suiça, passeámos junto ao rio e fomos a uma cafetaria engraçada na Praça do Comércio. Tinha uns quadros modernos nas paredes. O Dekel apresentou‑me a uns amigos estrangeiros, muito simpáticos. – riu-se – Não que tenha conversado muito com eles, mal falavam português, mas mesmo assim…


Procurou-o nos locais do costume, varrendo primeiro, de uma assentada, os cafés onde se encontrara com o holandês noutras ocasiões. No Monumental e no Martinho não o tinham visto, nem nesse dia, nem na véspera. Um empregado lembrava‑se de o ver na véspera, no Chave d’Ouro. Tendo em conta a dimensão do estabelecimento e o número de clientes, era quase um milagre conhecerem-no.
- Tenho a certeza. Era o Sr. Fenenbaum. – garantiu o empregado. – Veio cá ao fim do dia, tomou uma bica e comeu um par de pastéis às pressas.
- Estava alguém com ele?
- Que me lembre, não. – negou o rapaz – Acho que não falou com ninguém e não jogou bilhar. 


repito: (estas imagens, como disse, foram recolhidas na net. Se a publicação no monster ofender susceptibilidades ou direitos de autor, uma mensagem basta para que as retire de imediato... De resto, obrigada a quem em primeiro lugar as tornou públicas)

sexta-feira, 27 de junho de 2014

imagens que inspiraram, parte 1


A escrita do A Chama ao Vento levou-me a procurar por essa net (e não só) imagens recentes e antigas que me serviram, nalguns casos, como motivação e base para momentos da narrativa e algumas descrições. Ficam algumas delas, com excertos do texto, divididas em duas ou três publicações. Estas são actuais e a cores. As próximas não. 
As primeiras páginas do ebook podem ser lidas aqui, e pode ser comprado aqui.

Enjoy!


              


"Aproximei-me devagar, hesitante. Não tinha a certeza do que fazia ali, menos ainda com Teresa a reboque. Para lá das próximas árvores, antevia-se uma clareira, decerto igual a tantas outras por ali, terra acastanhada semeada de pinheiros e eucaliptos, com o mar muito, muito ao fundo. Calculava que, continuando por entre os troncos para além dela, acabasse por chegar a alguma praia selvagem, dessas de areia clara e mar límpido que fazem os anúncios de televisão.
Estava ali por causa de uma paisagem de mar com o nome de uma terra por legenda, num postal velho, perdido no fundo de uma maleta, que viera agitar alguma coisa nas minhas águas sempre calmas. "




"Cerca de três meses antes da morte da avó, quando ela ainda tinha energia para isso, tinha-a levado a lanchar numa esplanada na Graça, mais bonita do que esta. As mesas e cadeiras, porém, também eram de ferro verde, e a sombra igualmente fresca e rara. Ela tinha-se sentado, muito magra, o corpo implodindo lentamente, gastando-se aos poucos, e muito quieta e contida, como sempre fora. Havia no seu olhar, porém, uma espécie de satisfação tranquila, que me deixara contente porque há muito tempo, mesmo antes da doença que lhe comera os últimos anos de vida, não a via no rosto da avó. Para a ocasião, tinha escolhido um vestido com um padrão de flores pequeninas, como se eu fizesse anos, e coberto o seu cabelo prateado com um chapéu de palha. Dava-lhe um ar de estrangeira antiquada e distinta, e adequava-se muito bem a essa tarde quente e doce de finais de setembro."


(estas imagens, como disse, foram recolhidas na net. Se a publicação no monster ofender susceptibilidades ou direitos de autor, uma mensagem basta para que as retire de imediato... De resto, obrigada a quem em primeiro lugar as tornou públicas)

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Um evento, dois eventos...

... ou na verdade um evento e um concerto, para fazer um fim de tarde e princípio de noite bem passados.


Foi ontem, dia 19, o lançamento dos livros da Coolbooks, chancela novinha em folha da Porto Editora, criada a pensar no futuro e disposta à aventura do digital com autores novatos nisto da literatura. Embarquei também, apesar de não ser assim tão nova, a ver onde nos leva esta viagem.


A PE e a Coolbooks escolheram para este evento inovador em Portugal - vários autores e suas obras reunidos num mesmo lançamento - o espaço tradicional e lindíssimo do Instituto Camões. A maravilhosa sala com frescos no tecto não era grande mas estava cheia de amigos e curiosos, e contamos ainda com a presença de alguns bloguers que quiseram, e muito bem, vir saber como era. E foi, digo-o enquanto autora, descontraído e muito simpático.

Falaram antes de mais Paulo Gonçalves e Vitor Gonçalves, respectivamente o responsável de marketing e o editor da Coolbooks. Ambos destacaram o desejo de desbravar caminho neste espaço ainda difícil do digital, esperando, com o cuidado de fazer uma selecção final cuidadosa dos textos a publicar para uma aposta na qualidade, ganhar aos poucos a confiança dos leitores. Destacaram a possibilidade de coexistência de uma leitura mais tradicional - com o livro em papel - e da leitura digital.  


Vitor Gonçalves apresentou brevemente os autores presentes (éramos estes sete) e as suas obras, e passou-nos a palavra. Cada um de nós disse o que quis, destacando o que lhe apeteceu, e vi-me sem me ter preparado a tentar falar do livro... creio não me ter atrapalhado demasiado e ter conseguido passar o quanto gostei de escrevê-lo e o quando desejo que seja lido e que quem o ler goste da leitura. Os que escrevemos leva-nos o coração e o suor, não queremos senão chegar aos leitores, apelar à sua inteligência e emoção, oferecer-lhe bons, não, queremos oferecer excelentes momentos de leitura. É um trabalho permanente, este de tentar ser sempre melhor.




Seguiram-se bebidas e autógrafos... espera, pensam agora o leitores do monster, Autógrafos... como?? Não são ebooks? Pois são e, como tal, ainda são impossíveis de assinar. Por isso, a Coolbooks produziu um conjunto de postais lindos, com as capas dos livros (estes que aqui estão) que pudemos assinar para os nossos leitores. Trouxe alguns comigo, por isso, se houver pedidos, talvez seja possível atendê-los... 




(Credito já estas fotos, são da Carla Isabel e "roubei-as", com sua autorização, à página de facebook do Grupo Livrólicos Anónimos. A propósito, agradeço o pin!) 


E depois disto? Acabou? Não! Claro que não!


Havia concerto na Praça do Município. Fui arrastada para lá por queridas amigas, sem saber ao que ia, e só a meio caminho (sim fui a pé...) me apercebi de que ia ser maravilhoso. Um concerto de um... dois... três dos meus favoritos? António Zambujo recebia amigos - e pude ouvi-lo com Luísa Sobral, Miguel Araújo, Ana Moura, um grupo de cantares alentejanos de que infelizmente não retive o nome, todos fantásticos! Saí de lá esfaimada, pois não houve tempo paar jantar, mas com uma barrigada de boa deisposição e ainda melhor música. A foto é péssima, de telemóvel e à distância, mas enfim...

Deixo-vos com um dos duetos... enjoy!


segunda-feira, 9 de junho de 2014

domingo, 8 de junho de 2014

Passatempo Chama no bloguinhas

Não costumo falar aqui de outros blogues, mas hoje tenho um motivo especial. 

Bloguinhas Paradise

O Bloguinhas Paradise é um blogue novinho em folha - só tem dois meses - mas já muito activo nas suas leituras e opiniões, e está, neste momento, a fazer um sorteio do meu ebook, A Chama ao Vento. 




Convido-vos a passar por lá, conhecer o blogue, ser seguidor e com um boooocadinho de sorte, ler o Chama. Ficam o link do blog, do passatempo, da opinião da bloguinhas Bárbara sobre o livro, e da minha entrevista ao blogue.



Boa Sorte!




quarta-feira, 14 de maio de 2014

Resultado do sorteio A Chama ao Vento...


21976959


O vencedor deste sorteio, diz o random.org, foi FERNANDO AMORIM
Parabéns!


Foi enviada uma mensagem para o email do vencedor, a solicitar confirmação. 
Assim que chegar, ser-lhe-à enviado o código para o livro.  

Caso não haja resposta no prazo previsto, será feito novo sorteio.


domingo, 11 de maio de 2014

Sorteio A Chama ao Vento

Há algum tempo que não fazia aqui um sorteio. Não é um costume no monster, mas com o lançamento do meu  novo  livro  em  ebook  e  a  disponibilização  de  alguns  códigos  pela  editora
(1 código=1ebook) pareceu-me fazer sentido colocá-los à disposição dos leitores, sob a forma de sorteios. O do blogue será o primeiro. Depois seguir-se-à mais qualquer coisa, veremos em que moldes.


Um corpo anónimo é lançado à água num misterioso voo noturno sobre o Atlântico…

Vivem-se os anos mais negros da Segunda Guerra Mundial, e a vida brilha com a força e a fragilidade de uma chama ao vento. Na Lisboa de espiões e fugitivos dos anos 40, João Lopes apresenta à sua amiga Carmo um estrangeiro mais velho, homem de segredos e intenções obscuras que depressa a seduz, atraindo os dois jovens para uma teia de mistérios e paixões de consequências imprevistas.
Anos volvidos, Francisco, jornalista, homem inquieto, pouco sabe de si próprio e menos ainda de Carmo, a avó silenciosa que o criou, chama apagada de outros tempos. É João Lopes quem promete trazer-lhe a sua história inesperada, história da família e dos passados perdidos nos tempos revoltos da Segunda Grande Guerra e da Revolução de Abril. Para João, é uma história há muito devida. Para Francisco, o derrubar dos muros que ergueu em torno da memória e da própria vida.
Um retrato íntimo de Portugal em três gerações, pela talentosa escritora de Alma Rebelde.


Este link permite descobrir o formato do livro, que pode ser lido online ou offline, no PC, tablet, ipad ou smartphone, e ler as primeiras páginas. E, se não o ganharem, é onde pode ser adquirido! 

O sorteio terá lugar às 24h do dia 14 de MaioE sendo um ebook, é mais fácil! Não vou exigir respostas a perguntas. São livres de partilhar, agradeço, mas não é obrigatório. As regras, muito simples, são:

1. Podem inscrever-se até às 23h59m da próxima quarta feira, dia 14,.
2. Só se aceita uma participação por email. Todas as participações repetidas serão anuladas.
3. Aceitam-se participações de qualquer parte do mundo!
4. Nome e email é obrigatório.

Nota: Não é necessário ser seguidor(a) do blogue, nem ser bloguer, pelo que a última resposta é opcional. O que a autora, moi, agradecia era receber uma opinião no final da leitura (boa ou má, é assim com os livros que "soltamos" neste mundo) através do GR, no Facebook, ou pelo email disponibilizado aqui no blogue.

E depois de confirmar a correção do email, o livro (ou seja, o código de acesso a um ebook gratuito, não "partilhável) segue logo, não há o atraso necessário para correios, etc. Caso o vencedor não responda ao email de confirmação, ou através do FB, por exemplo, num período de 48h, será feito novo sorteio. E aqui está:



terça-feira, 6 de maio de 2014

um sorrisinho parvo

Hoje descobri ali, à direita, no Top eBooks...


Dou-me o direito a um sorrisinho palerma - nem que seja só até amanhã - e a este registo para a posteridade, como aqueles com que embaraçamos os filhos anos mais tarde. Posso embaraçar-me a mim, que o livro não se envergonha.


E se ainda não conhecem o A Chama ao Vento, podem aceder ao site da Coolbooks ou à Wook e ler por lá um excerto, ou comprá-lo para os vossos PCs, tablets, ipads, smartphones, para ler online ou offline (é só seguir as instruções). 

Ah, e também já há opiniões no Goodreads

quinta-feira, 1 de maio de 2014

A Chama... (excerto 4 de 4)

Segundo e último excerto da segunda parte deste livro. Se me pedirem, ainda coloco aqui um nadinha da terceira parte, que é pequena... mas só a pedido, eheheheh.

Aqui fica. Enjoy.


     Os homens moveram-se para dentro do círculo de luz. Reconheceu num instante o holandês. Viu-o pegar na bagagem e passá-la a alguém dentro do hidroavião, com os mesmos gestos rápidos e tensos que lhe vira antes. Depois, voltou-se para os outros dois. João reconheceu o careca e pareceu-lhe que, pela altura e pela forma como o cabelo pálido brilhava, o outro podia ser um dos tipos louros do Palácio. O careca falou finalmente. 
     – Tem tudo? – pareceu-lhe ouvir. 
     Dekel assentiu e levantou o saco com tecido que, ainda há pouco, o vira comprar fora de horas. O tipo calvo remexeu lá dentro, puxou qualquer coisa pequena, examinou-a sem a retirar, voltou a em- purrá-la para o fundo e presenteou Dekel com uma palmada nas costas. 
     – Boa. Boa – disse. 
     – Fale baixo – rosnou o holandês. 
     – Ora essa, estamos sozinhos. – Riu-se, um riso seco de ave cacarejante. 
     – Nunca se sabe – contradisse Dekel. – Leve o saco. 
     – Leve-o você, é o seu trabalho. Vamos. 
     Dekel calou-se e João franziu o sobrolho. A não ser que contrabandeassem tecido aos centímetros, o saco tinha de levar mais alguma coisa. Como imaginara, Dekel fugia dali com qualquer coisa na bagagem. Lembrou-se das suas palavras, da sua dor, do seu ódio ao regime alemão. 
     Papéis. Documentos. Fotografias, ocorreu-lhe. O que quer que fosse, era suficientemente importante para valer o preço elevado que Dekel estava disposto a pagar. O sacrifício da vida que organizara e apreciava em Lisboa, dos amigos que fizera e, se calhar, até de um amor que começava. Da sua segunda oportunidade para viver completamente. Sentiu o aperto na garganta, toda a raiva que acumulara a desvanecer-se num instante. Quantas vezes seria o amigo obrigado a recomeçar?