E o que quer um escritor que publica? Quer pouco, mas muito.
Condições para escrever.
Seja estabilidade ou tumulto, silêncio ou ruído, viajar ou estar quieto, conforto ou tortura. Acima de tudo, que tenha uma cabeça fresca e esse bem precioso que, à conta de tanto nos faltar, vale ouro: tempo. Muito tempo, para respirar, pensar, planear, redigir, reler, apagar, reescrever, adorar, odiar, não se conformar com o que escrever. Um bocadinho de inspiração ajuda, mas defendo que há na escrita (de romances) mais trabalho do que inspiração. Para quem tem a escrita como actividade colateral, embora necessária, não é dado adquirido que as condições se reunam sempre.
Ter uma voz só sua.
Uma voz que esteja nos seus trabalhos independentemente das temáticas e dos malabarismos narrativos que decida para cada livro. Ser distinto, reconhecível mas não idêntico, de livro para livro. Não ser igual a ninguém, nem ser inteiramente igual a si próprio, sem no entanto se trair. Confuso? Não, nem por isso. Difícil? Pois, não sei. Se não surgir naturalmente, não sei como se faz. E que com ela venha uma coisa essencial, o respeito. É fundamental ser respeitado enquanto autor, ter um lugar. E só sobre isso haveria um texto completo para escrever.
Seja estabilidade ou tumulto, silêncio ou ruído, viajar ou estar quieto, conforto ou tortura. Acima de tudo, que tenha uma cabeça fresca e esse bem precioso que, à conta de tanto nos faltar, vale ouro: tempo. Muito tempo, para respirar, pensar, planear, redigir, reler, apagar, reescrever, adorar, odiar, não se conformar com o que escrever. Um bocadinho de inspiração ajuda, mas defendo que há na escrita (de romances) mais trabalho do que inspiração. Para quem tem a escrita como actividade colateral, embora necessária, não é dado adquirido que as condições se reunam sempre.
Ter uma voz só sua.
Uma voz que esteja nos seus trabalhos independentemente das temáticas e dos malabarismos narrativos que decida para cada livro. Ser distinto, reconhecível mas não idêntico, de livro para livro. Não ser igual a ninguém, nem ser inteiramente igual a si próprio, sem no entanto se trair. Confuso? Não, nem por isso. Difícil? Pois, não sei. Se não surgir naturalmente, não sei como se faz. E que com ela venha uma coisa essencial, o respeito. É fundamental ser respeitado enquanto autor, ter um lugar. E só sobre isso haveria um texto completo para escrever.
Ter leitores.
Ter leitores que o seguem de livro para livro e leitores novos a cada livro. Estranho que um autor que publica diga que lhe são indiferentes os leitores. Assumo que se publica para lhes trazer algo, conhecimento, prazer ou incómodo, outra coisa? Um leitor que publica nada é sem leitores, ainda que não escreva (não deva, não possa) condicionado por eles. Que de preferência que os leitores gostem do que faz, claro, porque há muito suor nas páginas e nem sempre o ego do autor é de ferro. São de invejar os autores que decidem que, se o mundo não os aprecia, é porque não os compreende e não os merece, mesmo que isso seja uma espécie de cegueira que os protege. Claro que o autor que publica precisa de costas largas e fortes, custa um bocadito se o trabalho desagradar, mas há que assumir que a exposição traz alegria e dor, que é natural (e desejável?) que, onde uns encontram virtudes, os outros descubram falhas, que leitores diferentes interpretem de formas diferentes, de acordo com as suas naturezas e experiências. e que enfim, enfim, enfim.
Outros autores poderão precisar de mais. De ganhar dinheiro, ser famoso, fazer da escrita a sua vida, ser a voz de uma nação, ganhar o Nobel, sei lá. Contento-me com menos: tempo, uma voz, respeito e leitores. Peço muito? Se calhar. Mas trabalho, sem dúvida, para os merecer.
Ter leitores que o seguem de livro para livro e leitores novos a cada livro. Estranho que um autor que publica diga que lhe são indiferentes os leitores. Assumo que se publica para lhes trazer algo, conhecimento, prazer ou incómodo, outra coisa? Um leitor que publica nada é sem leitores, ainda que não escreva (não deva, não possa) condicionado por eles. Que de preferência que os leitores gostem do que faz, claro, porque há muito suor nas páginas e nem sempre o ego do autor é de ferro. São de invejar os autores que decidem que, se o mundo não os aprecia, é porque não os compreende e não os merece, mesmo que isso seja uma espécie de cegueira que os protege. Claro que o autor que publica precisa de costas largas e fortes, custa um bocadito se o trabalho desagradar, mas há que assumir que a exposição traz alegria e dor, que é natural (e desejável?) que, onde uns encontram virtudes, os outros descubram falhas, que leitores diferentes interpretem de formas diferentes, de acordo com as suas naturezas e experiências. e que enfim, enfim, enfim.
Outros autores poderão precisar de mais. De ganhar dinheiro, ser famoso, fazer da escrita a sua vida, ser a voz de uma nação, ganhar o Nobel, sei lá. Contento-me com menos: tempo, uma voz, respeito e leitores. Peço muito? Se calhar. Mas trabalho, sem dúvida, para os merecer.
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