ela tinha os sapatos difíceis de usar
sairam juntos de casa
mesmo assim ele muito mais alto
ele notou que o vestido dela
lhe ficava bem
não disse nada
ela achou que ele cheirava
a mar
e sorriu-lhe muito tímida
no caminho ela sacudiu o cabelo
pelo menos quatro vezes
ele pôs os olhos na estrada
apertado na gravata
e no silêncio da rádio entre eles
o dia inteiro a noiva sorriu
e o noivo sorriu
o dia inteiro ele um estranho
ela lembrou-se dele
quando ele a amava
sentiu-se dorida
nos pés e no centro da farsa
mas sorriram ambos
beberam champanhe
comeram bolo
não dançaram juntos
como antes do amor se esconder
atrás das festas
do silêncio da rádio
do vazio da casa sem filhos
do silêncio da rádio
do vazio da casa sem filhos
no regresso
era noite cerrada
ela achou que estava velha
ele que era sempre
ela achou que estava velha
ele que era sempre
noite
e os dois fechados nela
e os dois fechados nela
em casa ele tirou a gravata
ela os sapatos
nenhum a mortalha
de saudades
adormeceram assim
um de cada lado
cansados ambos da festa
e da impossível
e muda cordilheira
de silêncios
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