Havia um barco
ponto ao longe no azul
brilhante
mas tu insistias que era
um barco
e eu
porque os olhos nunca
mo mostram
dizia sim, um barco
que lindo barco
Tu sonhavas-te nele
tu que não sabes velejar
eras quase
capitão
de casca de noz
eu estendida no convés
e depois o amor ao sol
O mar
devolvia-te o desejo
num refulgir
de prata
e o sol bronzeava-te
a pele
e eu também sonhava
um barco
Sim, um barco
no centro do oceano tão quieto
eu e um barco
eu, que tão pouco
sei velejar
capitã de veleiro
nem tu com a tua pele
de sol e mar
nem a tua voz
nem o teu desejo
nem nada
eu e o medo
um livro um cão
no silêncio
do grito das gaivotas
o resto só linha de horizonte
muito tempo
o tempo todo talvez
e tu dizes,
um barco é que era bom
e eu suspiro.
Sim, um barco
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