Fecha a porta.
Entra, se quiseres,
mas roda atrás de ti as trancas.
Sim, são três,
quero ouvi-las cerrar
uma após outra.
Fico aqui
contigo ou sem ti.
Esta ilha tem corredores
muitas esquinas, muitos quartos
e janelas largas
com paisagens coladas nas vidraças
tão bonitas,
olha esta, pintada a lápis de cera,
tem escadas que sobem
nenhuma desce
e tem entradas e saídas
com modos exactos de iludir-me
escolhidos por mim.
Não vou. Não.
Vai tu.
Do lado de lá há a incerteza
de uma dessas manhãs de quase-chuva.
Às vezes há relâmpagos
e a terra sacode.
Eu sei, eu vi.
E vi que o nevoeiro cobre buracos
na pedra fria,
se cais, ficas preso
num museu de actos incompletos,
de intenções quebradas,
de vontades moribundas.
Para que hei-de ir ver tanta tristeza.
Fico onde o Minotauro
janta comigo
e me oferece novelos quebrados
de lã preta, e cera e plumas,
mas pela manhã canta canções
de boas vindas.
Não vou, já disse.
Se queres, leva a lã.
Ou fica,
mas fecha a porta.
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