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terça-feira, 6 de maio de 2014

poucas palavras

    - Já vais? Não queres voltar para aqui?
   Pergunta debitada quase sem se mexer, apenas o afastamento ligeiro de um joelho arredondado a sugerir o que o lençol escondia. Os olhos semicerrados, pálidos por trás das pálpebras lânguidas. Ele sacudiu a cabeça e passou os dedos a ajeitar o cabelo. Meteu as chaves no bolso, tão desejoso de ficar como de sair dali. Ela parecia-lhe sempre excessiva depois do sexo, no seu langor da cama a meio da tarde, coxas nuas e fartas, seios maduros esmagados contra o lençol, cabelo longo espalhado na almofada. Não queria olhar para trás porque o excesso era tentador e tinha mais que fazer.  
   - Depois telefono.
   - Se quiseres.
  Mais nada. Entre eles poucas palavras. Suor e gemidos, deslizar de peles, chocar de carnes, calor, saciedade, mais desejo a arder a todas as horas. Saía repetindo que não voltaria, mas levava agarrados ao corpo o cheiro adocicado do sexo e o som dos suspiros. Desceu as escadas rapidamente, revigorado e furioso consigo mesmo, sabendo que antes do dia terminar os subiria novamente.

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