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domingo, 13 de dezembro de 2015

é só isto que vou fazendo

Ando ausente, eu sei, mas leitura, como já disse, só a de pequenas historinhas românticas e docinhas passadas em Christmas Town (e não é que me sabem quase tão bem como bolo de bolacha, daquele com creme de manteiga e café que a minha mãe só faz no Natal?). 

Para além disso e dos malditos testes e das malditas avaliações que me têm ocupado 90% do tempo, é só isto que vou fazendo:

- Sentes-lhe a falta.
- Muita. É a minha casa.
- A tua casa, como? Já estiveste aqui?
Ele encolheu os ombros e voltou costas a terra, sacudindo a cabeça. Os caracóis roçaram os ombros e Eivi lembrou-se na primeira vez que o vira, nos campos de treino, magro e com o cabelo demasiado longo, e de como, mesmo assim, admirara a graça com que lutava.
- Não, mas… é uma floresta e… é como voltar a mim, depois de ter estado muito tempo fora… por minha causa. – hesitava. As palavras não eram sempre fáceis. - Custou-me a perceber, mas tenho tido muito tempo para pensar. Culpei a falta de sorte, o acaso, por ser mais fácil, mas… não. Até as coisas que acontecem porque acontecem, como termo-nos cruzado, são consequência de decisões. 
- Noam, o Corvo raptou-te. Não decidiste nada.
- Apanhou-me porque quis ver o que faziam. Mas depois podia ter escapado, não me apanhavam na floresta, ou podia ter-me deixado morrer, mas escolhi ficar e depois escolhi fugir. Tu também. Foi por isso que, com um bocadinho de acaso pelo meio, sim, nos encontramos. – Sorriu, lembrando essa noite e como se irritara contra a sua sorte. – Às vezes é mais fácil fingir que somos árvores, sujeitos às estações, aos acidentes, à vontade alheia, mas as decisões são sempre nossas, até para enfrentar mais um dia ou uma batalha. Ou a nós próprios.  
Eivi não respondeu. Parecia-lhe aborrecida. Fitou-a com a mesma intensidade com que ela observava o arvoredo. De nada servia adiar a questão.

- Vais mandar-me embora? 

Pois, A Grande Mão, que é como confort food para mim e estou a adorar revê-lo, reescrevê-lo. Pergunta: quem de vós o leria, se o publicasse em papel?


2 comentários:

Jardim de Mil Histórias disse...

Olá Carla,
Temos livro??? Espero que sim :) ansiosamente!!
Beijinhos e boas leituras

Carla M. Soares disse...

Era maravilhoso, mas infelizmente duvido que por ora aconteça, Isaura... E este, com pena minha, duvido mesmo muito que seja publicado de todo.

Grata pelo interesse!! :D