Alguém disse, numa das primeiras opiniões, que ler A Chama O Vento lhe tinha dado uma fome bestial, em momentos, e vontade de tomar um cafézinho, porque estão referidas pastelarias e cafés de Lisboa, uns identificados, outros não...
É a segunda partilha de fotos inspiradoras, uma amostra entre as muitas que fui guardando em pastas... As primeiras páginas do ebook podem ser lidas aqui, e pode ser comprado aqui.
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Enjoy!
Olhei de esguelha para a foto
que guardara para o fim. Devia ter sido tirada por um daqueles fotógrafos de
câmara às costas das pracetas de Lisboa, que costumavam esperar lá por quem
quisesse congelar um momento no tempo. Pareceu-me que talvez estivessem junto à
fonte do Rossio. Ao fundo distinguia uma esplanada que podia muito bem ser a da
Pastelaria Suiça. O ambiente era inteiramente Cary Grant, mulheres e homens de
chapéu, fatos de época, uma certa agitação em suspenso... Sorri involuntariamente,
imaginando a avó num filme de espionagem, a preto e branco, que tinha visto na
televisão há muitos anos. Não me recordava do nome, mas as imagens tinham-me
ficado na memória, por ter sido filmado em Lisboa. Era risível, a ideia.
- Já lho tinha dito. Que amei
a sua avó. – esperou que eu anuísse antes de prosseguir – Reencontramo-nos em
1940, já a Europa estava em guerra há dois anos e Lisboa estava cheia de
estrangeiros. Há muito tempo que não a via. Desde ‘35 ou ‘36 que não íamos ao
norte, o pai andava demasiado ocupado, e tinhamos feito amigos por cá. Ir a
Braga deixou de ser importante... Quando se está bem, as raízes são fáceis de
esquecer. – suspirou – Adiante. Sabe como meia dúzia de anos são uma
eternidade na vida de uma criança? A Carmo era uma menina em Braga, e de
repente voltei a vê-la, em plena Lisboa, e já não era. Um dia, estava eu na
esplanada de uma pastelaria na Avenida da Républica que já não existe há muitos
anos, um desses sítios que o tempo varreu da memória... – riu-se baixinho,
muito longe no tempo – Já nem me recordo do nome. Bom, mas lá estava, quando a
vi.
- Por isso é que deixamos de nos encontrar ao pé da escola. – prosseguiu ela – Disse-lhe que tinha medo se ser vista, mas foi mais por causa delas e... bom, para não ser vista também. Nas últimas semanas, temo-nos encontrado sozinhos. Fomos de táxi à Baixa, para lanchar na Suiça, passeámos junto ao rio e fomos a uma cafetaria engraçada na Praça do Comércio. Tinha uns quadros modernos nas paredes. O Dekel apresentou‑me a uns amigos estrangeiros, muito simpáticos. – riu-se – Não que tenha conversado muito com eles, mal falavam português, mas mesmo assim…
- Por isso é que deixamos de nos encontrar ao pé da escola. – prosseguiu ela – Disse-lhe que tinha medo se ser vista, mas foi mais por causa delas e... bom, para não ser vista também. Nas últimas semanas, temo-nos encontrado sozinhos. Fomos de táxi à Baixa, para lanchar na Suiça, passeámos junto ao rio e fomos a uma cafetaria engraçada na Praça do Comércio. Tinha uns quadros modernos nas paredes. O Dekel apresentou‑me a uns amigos estrangeiros, muito simpáticos. – riu-se – Não que tenha conversado muito com eles, mal falavam português, mas mesmo assim…
Procurou-o nos locais
do costume, varrendo primeiro, de uma assentada, os cafés onde se encontrara
com o holandês noutras ocasiões. No Monumental e no Martinho não o tinham
visto, nem nesse dia, nem na véspera. Um empregado lembrava‑se de o ver na
véspera, no Chave d’Ouro. Tendo em conta a dimensão do estabelecimento e o
número de clientes, era quase um milagre conhecerem-no.
- Tenho a certeza. Era
o Sr. Fenenbaum. – garantiu o empregado. – Veio cá ao fim do dia, tomou uma
bica e comeu um par de pastéis às pressas.
- Estava alguém com
ele?
- Que me lembre, não. –
negou o rapaz – Acho que não falou com ninguém e não jogou bilhar.
repito: (estas imagens, como disse, foram recolhidas na net. Se a publicação no monster ofender susceptibilidades ou direitos de autor, uma mensagem basta para que as retire de imediato... De resto, obrigada a quem em primeiro lugar as tornou públicas)
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