Já há alguns dia que terminei a leitura deste livro pequenino, mas o cansaço e excesso de trabalho têm-me impedido de me dedicar, tanto à escrita, como a estes pequenos apontamentos que vou fazendo sobre os livros que leio. Ainda estou exausta e cheia de trabalho, pelo que a nota será curta.
O Rio do Esquecimento foi finalista Leya, e entendo porquê. A Isabel trabalha o português com mestria, oferecendo-nos descrições primorosas de ambientes, locais, pessoas, de tal forma bem trabalhada que acaba por ter-nos presos ao desfecho de cada história e ao destino das personagens. Surpreende-me, de certa forma, que assim seja, porque aprecio uma escrita com muita interação entre os intervenientes - muito show e pouco tell - mas a Isabel, fazendo o contrário, consegue mesmo assim enredar-nos aos poucos na sua teia.
Recuamos e avançamos no tempo - o espaço é o do Porto do século XIX - ao sabor da vontade da autora e das pequenas revelações que é preciso fazer: algumas coisas sabemos de imediato, outras parece-nos que já as sabiamos ou adivinhavamos quando sucedem, outras ainda são guardadas como pequenos segredos a conhecer mais tarde, umas agradaram-me por completo, outras um pouco menos, mas todas se encaixam no que podemos esperar de uma história crua e um pouco trágica.
O melhor neste livro é, sem dúvida, o encantamento que as palavras, como a Isabel as usa, conferem aos locais, aos objectos e aos seres. Lê-se de um sopro.
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