era dantes
tu tinhas seis palmos e eu sardas
e bolsos no vestido
de remendos
corríamos as duas nas manhãs de verão
que eram todas as manhãs
menos a de Natal
e havia sempre bolo de mármore
matrucos e bonecas de pano
no empedrado da rua
e livros novos
da biblioteca itinerante
nada é mentira, sabes,
nos retângulos de memória
de cartão
dantes é que era bom
se prometeres
que é assim que foste menina
para sempre
sem terrores nocturnos
nem frio de inverno
e se jurares que nunca vimos
o longo futuro
debruçar-se sobre nós
como papão
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