tremenda tarefa
a de agarrar a bainha dos dias
com os dentes
ainda a manhã é insuspeita
e todos os dias se partem
os molares
disso não há relato
não há crónica
nem artigo
cansam-se os braços
feitos ao mar todos os dias
as pernas de andar
presa até aos joelhos na areia
ardem os olhos de negar
que há horizontes
melhores do que essa linha
ninguém conta
nem uma página diz
que mais doi a tremenda tarefa
de fazer nascer verdade
do espumaço da maré na madrugada
que conformar o corpo
ao destino em terra
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