parou ontem
à beira da linha
do lado de lá o fim da terra
em precípicio
e promessa
do lado de lá o fim da terra
em precípicio
e promessa
estendeu um pé trémulo
quase a atravessou
deteve-se a medo e entendeu
deteve-se a medo e entendeu
que se suspende
para não incomodar os ritmos do mundo
os sopros dos ventos
e o bater dos corações alheios
se batem parece
que não bate o seu inteiramente
Parou ontem
mesmo à beira do nevoeiro
de madrugada
de madrugada
quis sacudir-se e viu-se
puxada por cordas
marioneta
mas
marioneta
mas
quase dilacerada
arrancada de si mesma
ainda é de pedra a sua raíz
e permanece
eterna
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