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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

o nome do anjo


chega em asas ferozes de anjo
voo picado a rasar antenas
anuncia-o o rugido bruto do trovão
no lado de baixo da nuvem
passa nú e belo em silente tumulto
de violentos dedos de luz
empalidecem os telhados
em toda a parte pulsa a carne
e enrijece a veia no ar fremente
de trás do vidro não sei
se é da minha voz que sai o  nome
se é nada a hesitação na pedra
se há de fazer-se duas esta terra
aberta em mãos pálidas como asas
mas hoje do estômago de fogo
ergue-se sanguinolenta a palavra
é chuva que corta na boca
projecta-se no ar e rasga como adaga
enterra-se na carne eterna
faz-se de mármore o serafim
e ainda silente feroz e belo tomba
sobre as coroas desavisadas das ondas
o sabor do sal é denso nas gotas








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