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quarta-feira, 23 de julho de 2014

quase borboleta

Vou dedicar pela primeira vez um poema, porque habitualmente não os escrevo para ninguém. Este é para a minha filha Inês, que faz hoje 15 maravilhosos anos e, embora goste de poesia, de certeza não vai ler isto. 


Conhece o dia
preciosa casquinha de noz
a caber na palma da mão e na curva do braço
quase só corpo macio
e inocência com cheiro a pó de talco
suspeita de alma própria
a espreitar nos olhos
ao dobrar o riso
Então num encanto já distante
da descoberta
vai desaparecendo em esquinas
de caminhos que vão sendo
menos meus
sei que é hora de aprender a andar por dentro
como aprendeu um dia
a andar por fora
ainda sempre o perfume a pó de talco
talvez assim doce o perfume da sua alma
sacode-se quase borboleta
e o medo de ser pouco
passa a medo de ser demais
e não chegar
memória da curva do braço
quando os braços
dantes meus
já não me pedem





1 comentário:

Ricardo António Alves disse...

Excelente
(e, já agora, parabéns :)