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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

manhã

aquilo que eu sei que adivinhas
fechando os olhos
passeia-se pela pele de madrugada
dança, pássaro 
sibilando notas nas paredes do peito
em delicado passo

sabes a luz que corre os dedos dos pés
desliza-me pelos ombros 
da cor trémula e longa da ansiedade 
hesitação, um nó
de um medo novo no estômago
bicho agitado e quente

estremece a luz e longe dela o pássaro
bate asas duras entre os seios
pela boca quase esse grito que implora
vai, pequena besta
o espaço é tão pequeno entre os pólos
desta terra de mim mesma

nasce o dia descobres sem surpresa
ao teu lado esse deserto
encontra-me se quiseres nas curvas
de outro lugar, labirinto
despido de osso e pele onde me esqueci
até de ti. até de mim

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