Sou muitas coisas na minha vida, nenhuma menor do que a outra, cada qual essencial à sua maneira e pelas suas razões.
Todas empalidecem, porém, todas se retiram para o lugarzinho pequeno que lhes cabe, quando chega a hora de ser mãe.

Não tenho palavras que cheguem para enunciar todas as coisas boas e más e maravilhosas e terríveis de ser mãe. É viver sempre com amor e medo do futuro e esperança. É assumir que nunca mais seremos inteiramente livres, porque esse é um amor cujas amarras, felizmente, não nos soltam. É conhecer o cansaço de resistir contra o tempo e o desgaste, e saber que, em certo momento, vamos deixar de estar certas aos seus olhos e depois assumir um lugar pequenino nas suas vidas. E ficar felizes por isso, porque é assim que deve ser, é bom sinal.
Não sou mãe só quando lhes dou beijos e abraços e lhes faço (algumas) vontades, e nos rimos todos muito ao jantar porque digo disparates e tenho ataques de riso de ir às lágrimas. Quando os ouço dizer que não têm pressa de crescer, que ser criança foi bom. Acho que ainda sou mais mãe quando exijo. Quando sou chata porque me zango. Quando digo que não. Quando os obrigo a estudar. Quando me contrario para tentar dar-lhes raízes para que possam crescer. Quando tento fazer-lhes ver que a vida é difícil mas boa, única e irrepetível.
Ser mãe também.
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