Um jovem professor primário,
identificado apenas pela inicial “K”, apaixona-se por Sumire, uma jovem
aspirante a escritora. Quando esta entabula uma relação com Miu, uma enigmática
mulher de meia idade que a emprega como secretária, K é relegado para o ingrato
papel de confidente. Sumire, porém, estando de férias numa ilha grega em
companhia de Miu, desaparece misteriosamente, e K é chamado para ajudar nas
buscas. Um estranho triângulo que oferece uma profunda reflexão sobre solidão,
sobre os sonhos, sobre as aspirações do indivíduo e a necessidade de os adaptar
á realidade.
Opinião:
Tratando-se já do terceiro romance de Murakami que leio, começo a habituar-me à estranheza e ao uncanny das suas narrativas, que oscilam sempre entre este mundo e um outro, entre a realidade e o onirismo. É esta estranheza que me faz continuar a ler, mesmo quando a escrita recai por vezes numa certa monotonia, ao descrever actos e o quotidiano, ou num certo tom doutrinário, quando o narrador ou as personagens opinam sobre... bom, o que for.
No caso deste pequeno livro, aconteceu precisamente isso, e oscilei entre um nariz torcido perante algumas metáforas que me soaram forçadas, algumas loonngggaaass descrições de acções quotidianas, e a estranheza da própria narrativa, mesmo antes dela entrar no campo do fantástico - ou do onírico. Notei, também, uma certa estranheza face às mulheres, que surgem sempre envoltas numa qualquer aura de mistério, mas também de uma certa amargura e vazio interior, marcadas de forma indelével por acontecimentos da sua vida. Só não sei, por desconhecimento, se é uma característica sua, ou da cultura do país.
Não sei dizer se gostei, e não é a primeira vez que isso me acontece com este autor, mas posso dizer que, a não ser que me apareça algo de radicalmente diferente, começo a compreender os mecanismos da sua escrita.
2 comentários:
Tenho uma certa curiosidade por este autor. Comprei o volume 2 do 1Q84 na Feira do Livro do Porto. Também queria o volume 1, mas, pelos vistos, estava esgotado. Pensei em começar a ler o 2, mas disseram-me para não o fazer, que não ia entender nada. De maneira que continua em lista de espera... À espera do 1.
E porque não começar por um volume que não tenha seguimento? Este é um texto bastante simples, embora tenha gostado mais do a Sul da Fronteira...
É um autor com o qual desenvolvi uma relação estranha: Não chega a ser amor-ódio, mas nem sempre gosto do que estou a ler e não sou capaz de abandonar o livro, como faço com outros. :)
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