Outra opinião escrita há já algum tempo, que ficou para aqui nos rascunhos. O meu eu deste momento declina qualquer responsabilidade pelo que pensou o meu eu do verão passado.
Sinopse:
O fabrico de vidro e cristal representa um inestimável monopólio para a República e os espelhos venezianos são considerados mais valiosos do que o ouro. Sob a vigilância atenta do Conselho dos Dez, os sopradores de vidro de Murano vivem praticamente aprisionados na pequena ilha, onde os segredos do seu ofício são guardados a sete chaves. Mas o maior dos artífices, Corradino Manin, ver-se-á forçado a revelar os seus métodos e a vender a alma a Luís XIV, o Rei Sol, para proteger a sua filha ilegítima.
Quase quatro séculos depois, Leonora Manin deixa para trás um passado infeliz em Londres para iniciar uma nova vida como sopradora de vidro em Veneza. Será na cidade mágica dos canais que encontrará o amor e a possibilidade de refazer a sua vida. No entanto, à medida que os segredos da traição do seu antepassado vão sendo desvendados, Leonora verá o seu próprio destino interligado com o de Corradino.Entre dois tempos, o período renascentista e a actualidade, O Coração de Murano é um romance inesquecível que decorre na mais bela cidade do mundo.
Opinião:
Nunca tive grande curiosidade em conhecer Veneza. Roma, Florença, outras cidades são, para mim, mais fascinantes (em teoria) do que esta cidade de canais, pontes e gondolas. E não fazia a mais pequena ideia que ali mesmo ao pé existia uma ilha onde se produzia algum do mais belo vidro do mundo. Agora já sei e, depois de ter lido este volume, até já tenho um pouco mais de vontade de incluir Veneza num tour italinao que um dia ainda hei-de fazer.
Marina Fioratto deixa transpirar o romantismo que faz famosa a cidade, com um mistério a desvendar - o do coração de Murano - transportado de outros tempos para a actualidade, com duas histórias paralelas, em dois tempos, presente e passado que, parecendo-me em cada uma delas que havia algo mais a contar, acabam por complementar-se. Criatividade, afirmação pessoal e amor constroem uma espécie de mosaico imperfeito da relação com a arte do vidro, com a cidade, com o outro, consigo próprio, com o passado.
A escrita é fluida, simples mas bonita.
Fiquei com vontade de conhecer A Virgem das Amêndoas.
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