Depois de dias a corrigir testes de Inglês (deus meu!), andava a dar voltas aos meus trabalhos, à procura de inspiração para começar a redigir uma espécie de pré-tese que devo apresentar em Junho, e dei com um dos trabalhos curriculares que mais gozo me deu, sobre o trabalho SKIN JOB, de Adriana Molder (uma favorita), replicação ad eternum, ou quase, da figura do androide Rachel, de Blade Runner (outro favorito). Trabalho magnífico da pintora, que não resisto a partilhar!
Sobre SKIN JOB:
"Desde o início que queria fazer algo que tivesse que ver com a ideia de obsessão. Obsessão de um homem por uma mulher, de um ser por outro, ou neste caso de um artista por uma imagem. Sempre gostei de ver nos filmes altares de imagens, fossem estas variadas como nos 400 Golpes, ou intensamente obsessivas, como aquelas muitas vezes encontradas pela polícia nos quartos dos psycho killers. Gostava de fazer uma espécie de altar a uma mulher. Este altar ocuparia uma parede inteira de cima a baixo com desenhos (com as mais variadas escalas e tamanhos) de uma mesma mulher.Elegi a Rachel do Blade Runner.Sei que é uma personagem muito popular, o que me poderia dificultar o trabalho, mas acho que representa na perfeição a ideia que tenho de como um ser intenso entra lentamente na mente de outro.O que proponho é que esta instalação de desenhos de uma só e mesma personagem funcione um pouco como os altares dos psycho killers, na obsessividade, mas que esta ao mesmo tempo tenha que ver com a ideia de fixação amorosa, partindo do principio de que quando começamos a ficar apaixonados (e muitas vezes obcecados) as imagens do ser escolhido (às vezes sem nos apercebermos) aparecem-nos em mente assim do nada, sem o podermos evitar, tudo e nada nos lembra aquela pessoa.Também gosto da ideia de veneração de uma mulher que na realidade não é uma mulher, mas sim uma máquina, uma espécie de Golem, de Frankenstein.Agora, depois da série feita, fica também no ar a ideia de que esta mulher (Rachel) é também um estereótipo do ideal feminino segundo um certo imaginário masculino: sexy, misteriosa, bonita, submissa, sendo salva, talvez e apenas, pela sua intensidade emocional e pelo silêncio do seu olhar que parece conter tudo aquilo que sobre ela não sabemos."
Adriana Molder
(em http://www.adrianamolder.com/ - dou-vos um doce se conseguirem aceder. Por motivos misteriosos, eu não consigo)
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