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sábado, 8 de abril de 2017

Acabei de dar o Dançarina por lido no Goodreads


É a primeira vez que leio um livro meu depois de publicado, porque nunca tenho a coragem para fazê-lo, e foi isto que escrevi por lá: 

Não sou capaz de dar uma classificação a um livro meu. Jamais o faria, não me parece correcto.

Sou capaz, porém, de dizer que tem falhas e virtudes como todos os livros, e que, como tal, agradará a uns e não a outros, alguns leitores vão adorá-lo (espero), outros, possivelmente, detestá-lo.

Posso dizer também que o reli com muito mais prazer do que esperava, eu, que não releio os meus livros porque me deparo sempre com frases que já não escreveria e coisas que diria de outra forma. Suponho que será assim com a maioria dos escritores, porque uma obra nunca está pronta… Diz o Záfon, se não me engano, que somos nós, temos de ser nós que a abandonamos, ou nunca terá um fim. Sucedeu-me aqui, claro, mas menos do que imaginava.

Reli-o, pois, com prazer, e senti-me transportada para onde desejava que o livro transportasse os leitores, para o difícil ano de 1918 em Lisboa. Continuei presa às personagens, a Nicolau, tão frágil no início, a César, à valente Bernarda, a Eunice e aos irmãos mais novos, a Cecília e ao avô Cupertino, e também a Raul, D. Carolina, até a Hermengarda e Nuno, como desejo que aconteça aos leitores. Acompanhei as graças e desgraças que lhes sucedem quase como se não as conhecesse (quase). Fiquei contente com a narração dos episódios – a maior parte reais – da História desse ano, e com as peripécias que criei para os Moreira Lopes, em redor deles. 

Gostaria, como é natural, de ter tido o espaço para desenvolver todas as histórias – de permitir que Raoul e Eunice tivessem mais espaço, de acompanhar Bernarda no final da narrativa, ou Carolina, Hermano, Cupertino, Pedro, Mina, mas é Nicolau a minha personagem central e, se aprendi alguma coisa com a edição dos meus livros é que é preciso “kill some darlings”, i.e. cortar alguns segmentos de que gostamos e não estender outros como desejariamos fazer.

Para quem vai lê-lo, desejo que se sinta, pois, em pleno ano de 1918 em Lisboa, e que sofra e se alegre com os Lopes Moreira e com as gentes da cidade, como eu me alegrei e sofri (bastante) durante a escrita e durante esta leitura.

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