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sábado, 25 de junho de 2016

o salão

Havia na parede um quadro
de uma época em que as imagens
não tinham nome
só fé
com várias figuras de tamanhos errados
muito azul e ouro
Um longo canapé de alguma cor
esquecida
e muitos amores proibidos
Uma carta sobre a mesa
tinta ainda na ponta de uma pena
Tudo isso eu vi
antes de fechar os olhos
e de abrir os olhos
Afinal
estava o chão gasto 
sob os móveis onde assentos
outrora se haviam posto
e um cabinet
vindo do Japão
levantava as costas
entre duas portadas empenadas
Três turistas passeavam
e uma criança
fazia eco
nas paredes de caça azul 
em azulejo
Com uma dama de larga anca
e cabeleira alta
um cavalheiro bem posto
ao lado de um cavalo
umas árvores
Fazia calor
E juro que a besta se ria
E era de mim





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