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quarta-feira, 27 de abril de 2016

Jessica Jones ou O melhor herói é o anti-herói. Ou heroína.


Quando, há meses, ouvi falar desta série, o meu entusiasmo foi imediato. Sou grande fã de fantaia, fantástico e ficçao cientifíca, e muitas vezes os super-heróis vão buscar um pouco a cada um destes géneros. 

Tratava-se, antes de mais, da Marvel, o que me pareceu prometedor. Não morro de amores por todos os heróis ou filmes com origem na Marvel - os filmes do Quarteto Fantástico são terríveis - mas gosto de muitos... do que eu não gosto, é do Superhomem, e esse é DC! 

A protagonista desta série surge-nos, desdo o início, como uma figura quebrada, uma detective rivada que fotografa encontros adulteros para casos de divórcio, com um passado sombrio que a leva a não dormir e a beber demasiado, uma porta de entrada partida, um vizinho viciado em drogas, outros dois que discutem permanentemente, uma amiga famosa com quem não fala há muitos meses e uma estranha fixação pelo empregado de um bar, um tipo enorme, negro, bonito, cujos encontros ela vigia. 


Dessa premissa, desenvolve-se uma interessantíssima série dentro género, com um enredo sólido, personagens com densidade e vida própria, credíveis nas suas características particulares e no seu crescimento, a possibilidade de uma história de amor (ou quase) sensual e obscura, nascendo em cima de cicatrizes, segredos que se vão conhecendo aos poucos, na medida exacta, um vilão de se tirar o chapéu - de côco, por ser tão impecavelmente british - com mais do que vilania e um poder muito convincente, pun intented, e a heroína, cujos poderes também vamos conhecendo aos poucos e que, ainda que a façam extraordinária, nunca se sobrepõem à sua extrema humanidade. Jessica Jones não é uma heroína, é o anti-herói cuja natureza conduz ao desejo de proteção dos indefesos, mas que resiste, até ser forçado a agir como herói, par sua salvação e dos outros. É solitária, mal-humorada, brusca, dedicada, leal, insegura, apavorada, corajosa, cheia de falhas, sombras e cesuras.


Fica um elogio à actriz principal, que eu conhecia de um ou dois episódios da série Apartment 23 e tinha muita dificuldade em imaginar no papel. Fica, ainda, uma nota ao fantástci tom de film noir, a lembrar as histórias de detectives dos anos 40, com o seu cunho trágico e a impressão de fatalidade.


Vai custar-me a esperar por uma nova season, para a qual não está ainda prevista uma data. 


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