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sábado, 17 de outubro de 2015

não se está só afinal


Ocorre-me, ao rodear-me de gente cujos nomes inventei, enquanto faço desenrolar as suas vidas externas e internas, que o  solitário acto da escrita é afinal inteiramente do mundo; que se me afasto da realidade e me esqueço por algum tempo do que me rodeia, tenho ainda assim o meu espaço povoado de corpos e de almas; que escrever é um acto de comunicação, entre mim e a página, entre mim e os outros. A solidão é aparente, porque estou no momento distante e silenciosa. Não é a a minha. 

3 comentários:

Carla disse...

Olá Carla,
Muitas pessoas consideram o ato da escrita e da leitura como sendo solitários. Ao contrário eu, que só posso falar do ato da leitura, considero-o como sendo um momento em que estou acompanhada por uma série de pessoas que estou a aprender a conhecer e a gostar ou não delas, mas não estou a conhecer somente pessoas estou a conhecer novos lugares que se não fosse através dos livros talvez, quase de certeza, nunca chegaria a conhecer.
O ato da escrita ainda é mais enriquecedor, isto na minha singela opinião, pois permite criar algo, criar personagens-pessoas- lugares que vão ser visitados pelos leitores dos livros. Quando se escreve estamos a criar um novo mundo onde tudo pode acontecer, isto é simplesmente fantástico.
Beijinhos.
P.S. Estou a adorar dar aulas na escola gémea da tua;)

Carla M. Soares disse...

A escrita é, ao mesmo tempo, muito dura e muito, muito enriquecedora. Não é fácil lidar com o que envolve, antes e depois do livro "existir", a gestão do tempo e do trabalho, a impressão de que o que se está a criar pode não ser suficientemente bom, as muitas reescritas, para tentar fazê-lo sempre melhor, e depois a ansiedade de sabê-lo largado no mundo, lido (ou pouco lido, o que é pior...) e das opiniões,às quais não sou, infelizmente, impermeável.
Ao mesmo tempo o processo é fantástico em vários aspectos: as descobertas da pesquisa, ver crescer os tais lugares e as personagens, a própria escrita (adoro diálogos) e até a reescrita!
A leitura é infitamente mais fácil, já está tudo feito por outra pessoa, não nos fere ou compromete... ;)

Cristina Torrão disse...

«A solidão é aparente» - gostei :)