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sábado, 3 de maio de 2014

sol

Tarda o  sol desta tarde
a chegar-me à pele
espero por ele ansiosa
muito quieta
demora e
parece que entendo
prevejo no cheiro quente
a centro da terra
o início de um tempo novo
a promessa

arrasta-se o sol
acompanho com o olhar
o movimento
desse lagarto de luz nas lajes
quase me chega ao fogo
das unhas dos pés
estendo-os
procuro o calor
falha-me
e de repente é claro
nada muda dentro dos muros
o tempo é de pedra

espero de paciência
que não é minha
e quando me lambe o sol por fim
guloso a devorar
a suavidade da máscara gasta
pele lassa
seguro-o entre as mãos
bola de fogo
fica ali contido o instante que leva
a ver que é falso
não queima
é como o correr dos dias
fera mansa





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