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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

"Dificílimo", diz um mestre. Dificílimo, digo eu.

"Dificílimo é o acto de escrever, responsabilidade das maiores, basta pensar no extenuante trabalho que será dispor por ordem temporal os acontecimentos, primeiro este, depois aquele, ou, se tal mais convém às necessidades de efeito, o sucesso de hoje posto antes do episódio de ontem, e outras não menos arriscadas acrobacias, o passado como se tivesse sido agora, o presente como um contínuo sem princípio nem fim..."  

A Jangada de Pedra, pág 14



Tem razão este mestre. Difícilimo, e não só por isto. Tão difícil, escrever e falhar, constantemente, e constantemente duvidar que a mestria se atinja alguma vez, de contar assim histórias em acrobacias de princípio e fim, tanto se duvida e hesita que apetece deitar, como neste livro que ainda agora comecei, a pedra ao mar e ver o que sucede. Talvez suceda maremoto que me cubra de vez e eu só reapareça daqui a milhões de anos, ou descubra alguma pérola, essa mesma, no lado deste mundo mais longe das palavras. Ou não. Ou nada. De uma forma ou de nenhuma, viv'ós mestres.

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