A Felicidade É Um Chá Contigo, de Mamen
Sanchez, é um policial que não é bem um policial, um romance que só é romântico
quando deve, uma espécia de comédia de costumes que brinca, divertindo quem lê,
com a ideia de uma Espanha pícara, crua, ruidosa, quente, sensual, com mais
coração que cabeça, mais vontade que eficácia. Se há um caso em que o
aproveitamento dos clichés associados a um país (ou dois) resultam num produto
interessante, é este. Nas suas divertidas páginas, chocam a fleuma
inglesa, com os seus chavões, o chá, a rigidez, a dificuldade de adaptação a
outros climas e costumes, e os clichés sobre Espanha, de que são exemplos a
espanhola fogosa com sangue cigano e a respectiva família numerosa e ruidosa.
Uma nota muito positiva para as
referências literárias, porque este é um livro que, de forma descomprometida,
se compromete com os autores que refere e que refletem as duas visões que
obtemos da cultura espanhola – a do nativo, próximo dos ciganos, e a do
estrangeiro que se rende ao sol e ao sangue espanhol.
Esta leitura foi uma surpresa divertida,
um livro despretencioso e fresco – apesar do calor espanhol! – que se lê de uma
assentada. Em certos momentos, os capítulos curtíssimos, parecem
levar-nos para mais longe da intriga, por se centrarem em diferentes
personagens, mas na verdade nada surge ao acaso. No fim, a qual chegamos num
instante, porque a história voa debaixo dos nossos olhos e nas pontas dos
nossos dedos, temos, quase sem darmos por isso, a solução de um mistério que
não o é exactamente… mas é afinal outro!
Muito giro para quem procure acima de tudo
uma leitura leve e divertida, com um pouco de salero.
1 comentário:
Olá Carla,
Adorei a sua opinião.
Adoro o título do livro! Parece-me muito interessante.
Beijinhos e boas leituras
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