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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Um dia engoliu uma letra

Um dia engoliu uma letra. Assim, pequenina, redonda, nem se engasgou nem nada. Mas ficou preocupado. A avó velha dizia que engolir os caroços fazia crescer árvores na barriga. E se a letra fosse uma semente?
 

em: http://shirt.woot.com/derby/
entry/53918/the-tree-of-knowledge
Um dia a letra brotou-lhe da ponta dos dedos, marcada a lápis. E nasceu uma palavra, nos dedos e na língua. Não foi de repente, mas enrolada, difícil. Germinou devagarinho para fora da sua casca, e quando percebeu a letra na barriga era um caule fininho com uma ameaça de folha, que tremia quando respirava. De caule a haste, de haste a tronco. Outra folha muitas e muitas. Uma árvore e Os. De Is. De alfabetos misturados. Flores, Gs e Ss e outras mais bonitas.
 
 
Fez-se Verão no corpo e deu fruto. No chão do estômago tombou um livro maduro. Era delicioso. Uma árvore de livros, afinal. A avó velha tinha razão.
 
 
 
 
 

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