Quando
os primeiros raios de sol se espalharam pela terra seca do Grande Mão,
tingindo-o de um dourado pálido e frio, já encontraram Nolan e os companheiros
muito longe e o acampamento em grande alvoroço. O alarme soara quando, na
mudança de turno, os dois homens, o que terminava a sua ronda e o que vinha
rendê-lo, entraram na cavalariça para verificar que tudo estava bem.
Encontraram a baia de Tinta vazia, bem como o gancho de onde deveria estar
suspensa a sua sela.
Uma busca pelo acampamento e na povoação
revelaram a espantosa ausência do jovem tratador, que revelara um
inesperado atrevimento ao roubar o garanhão especial do Chefe. Mais
extraordinário ainda era o desaparecimento de Eirina, filha de Yong, de Patron,
seu amigo, e das suas habituais montadas. Em breve começou a dizer-se à boca
pequena que tinham escapado juntos. As marcas de cascos de três cavalos eram
nítidas à entrada do povoado, onde pareciam ter-se encontrado, dirigindo‑se depois
para o deserto.
Assim
que a fuga fora descoberta, Yong e o Corvo tinham-se apresentado perante
Torsten, que os fitara com uma fúria gelada.
-
O que eu gostaria de saber... – perguntou, assim que os dois entraram – é como
é que uma coisa destas pode acontecer debaixo dos vossos narizes.
Yong
baixou a cabeça. O Corvo estava furioso. Rosnou:
-
O rapaz devia estar a planear isto há muito tempo. Cometi um erro, vou repará‑lo.
Yong
não disse nada. Estava demasiado envergonhado com a desfaçatez da filha, e
suficientemente enfurecido para a desfazer com as próprias mãos, se a apanhasse
à sua frente. Torsten tamborilou na mesa, passando os olhos pelos papéis
espalhados sobre ela. Depois, o seu olhar voltou a fixar-se nos seus homens de
maior confiança.
-
Este... erro, foi assim que lhe chamaste? Era a última coisa que poderia
esperar de homens com a vossa experiência.
Yong
ia abrir a boca, para anunciar que tinha guardas a postos, à espera das suas
ordens para partir na peugada dos fugitivos. A manhã ainda mal tinha nascido, e
eles não podiam estar muito longe. Mas o Corvo adiantou-se-lhe. Aproximou-se da
mesa e pousou a grande mão tatuada sobre os mapas riscados de vermelho,
inclinando-se para a frente para declarar:
-
O filho da puta levou o meu cavalo. Tenho homens prontos para
partir e não mostrarão misericórdia.
Fez-se
um silêncio de breves segundos. Yong estava esgasgado com a vergonha e a fúria,
a traição que nascera no seio da sua própria família e ameaçava a sua posição,
conseguida a pulso. Devia ter estado atento. Devia tê-la casado mais cedo.
Devia...
-
Concordas com isto? – perguntou Torsten, dirigindo-se a ele.
Não,
não concordava. Desejava ser ele a encontrá-la, trazê-la pelos cabelos
e entregá-la, conforme prometido, ao castigo de um casamento altamente
lucrativo. A sombra de remorso no fundo da sua alma era fácil de apagar, se
tivesse em conta a humilhação a que Eirina o sujeitava. Mas o Corvo era irmão
do Chefe, tinha os seus próprios soldados, experientes e sem escrúpulos.
Também lhe tinha sido roubado algo valioso, sofrera tanto como ele a vergonha
de ter sido enganado. Que remédio tinha Yong senão concordar? Agastado, o
General assentiu. Torsten endireitou-se e respirou fundo.
-
Muito bem. – declarou para o Corvo. – Então há uma coisa que deves saber.
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3 comentários:
Quando leio os teus textos fico ansiosa por ler o teu romance ;)
Que bom!
Mais 100 páginas de revisão e um mapa, and it's ready to roll!
Em ebook, uns dias gratuitos aqui, e depois veremos se sei pôr isto na amazon por um valor razoável. E (suspiro)depois ainda vou ver se tenho coragem para a tradução.
Esta cena é cheia de tensão, pede mais ;)
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