Hoje, para além de mais um excerto, tenho uma pergunta a que gostava que respondessem, uma vez que não sou artista gráfica nem percebo nada de photoshop:
o que vos parece esta capa improvisada?
Atraente? Pavorosa? Demasiado escura? Nem se pecebe o que é?
Digam de vossa justiça.
Estavam no cimo da encosta, que descia numa inclinação
agreste. Um pouco para a direita, brotava das rochas um regato estreito, que provavelmente
morria, pensou Nolan, ali mesmo na
montanha. Descia em cascata, entre rochas, acumulava-se numa lagoa de formato
impreciso e cavava, para a direita, um leito duas vezes mais largo do que ele,
por entre pedra partida e vegetação pobre e escura.
- Olhem para isto. – comentou Eirina, sem fôlego.
- Este já foi um grande rio, de certeza. Deve ter
perdido força com o tempo.
- Foi a seca. – considerou Eirina – A que criou o
Mão. Já houve lá uma floresta, mas, com dez anos de seca constante, a mão estendeu os
seus dedos de areia e devorou tudo num...
- Estás muito poética. – interrompeu Patron – Vamos
mas é andando, que quanto mais depressa daqui sairmos, melhor. Não gosto disto.
Nolan tinha os olhos fixos no ribeiro. Deslizou-os
pelas escarpas, a da esquerda duas vezes mais alta do que a da direita, e mais
íngreme, olhou para o céu cinzento sobre as suas cabeças. Estremeceu.
- É um lugar estranho.
- Muito estranho. Tens a certeza de que não há outra
opção? – lamentou-se Patron.
- Desmontem. – ordenou Eirina, em resposta – É mais
seguro. Vai à frente, Nolan, que o Tinta guia os outros.
Não havia um carreiro que pudessem seguir, um
percurso fácil. Nolan foi escolhendo o caminho menos mau, cheio de cautela, com
grande receio de escorregar numa pedra e levá-los todos atrás, aos companheiros
e aos cavalos agitados. Como ele, também os animais pressentiam algo de
impalpável e perturbador no lugar, e resistiam, em protesto, tornando ainda
mais demorada e dolorosa a descida. Eram obrigados a parar constantemente, para
lhes falar, acalmá-los, mais vezes ainda para pensar onde pôr pés e cascos para
mais um passo.
- Nunca mais! – soprou Patron, quando por fim
pararam na margem do regato, para se acalmarem e descansar – Tu nunca mais me
convences a meter-me em coisa nenhuma.
Eirina teria respondido, se tivesse fôlego para isso
e não estivesse arrepiada de frio e horror. Patron estava tão empenhado naquilo
como ela, estivera sempre, e tinha feito com ela todas as escolhas, mas, neste
momento, quase lhe dava razão.
- De ci-ma, não pa-parecia tão mau. – acabou por
arfar, enrolando as rédeas de Fogo numa segunda volta em torno do pulso. A égua
ameaçava empinar-se, desatar a correr, fugir sem ter para onde – Se calhar,
tinha sido melhor ir pelo Mão.
- Deixa-te disso, Eirina. Já estavamos todos nas
mãos do Torsten ou mortos. – contradisse Nolan, impaciente – Vamos andando. Não
podemos voltar atrás e os cavalos estão impacientes.
Sentia Tinta tenso e atento, o olhar inteligente
captando tudo e voltando-se depois para ele. Parecia perguntar-lhe o que faziam
ali, naquele vale mergulhado numa sombra fria e permanente. Ele próprio estava
inquieto, com o coração apertado e uma necessidade desesperada de proteger tudo
e todos que lhe vinha de lado nenhum. Ou talvez da sua runa, que aquecia como
fogo e gelava como neve, num aviso intermitente, como se ela prória não
conseguisse decidir se havia perigo. O lugar era estranho, vazio. Por muito que
desdobrasse os sentidos à procura de uma vibração, a terra não lhe transmitia
nada, como se fosse um lugar sem alma.
Talvez
seja só porque a natureza é tão sombria, pensou.
pág 270-71
4 comentários:
Muito sinceramente? A capa é horrenda e não se percebe o que é lool só comprava o livro se olhasse o suficiente para ver o teu nome lá escrito.
P.S. Os excertos são do próximo livro?=p
Ehehehe.
Girlinchaiselong, a capa é um improviso para uma história de fantasia que vou colocar em ebook, para beta-reading, aqui no blogue. Vai ficar um link no GoodReads, e há lá uma sinopse também muito improvisada. Estou a acabar de revê-lo e, para esta versão 'experimental, vou fazer apenas umns pequenos ajustes na capa. Se quiseres ler em pdf ou outro formato equivalente, é só estar com atenção.
Se ficar mais sério, penso melhor na capa, prometo. :)
Em relação ao excerto: os animais não se costumam enganar, o lugar deve ser mesmo perigoso...
Em relação à capa: encontro-lhe charme, mas eu sou suspeita, gosto destas pinturas românticas, "obscurecidas". Não sei é se terá a ver com o conteúdo do livro, eu identificava-a mais com um romance de época.
Vou estar com atenção, prometo!!=D
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