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Fica calado, Tullock. – murmurou, rangendo os dentes.
Respirou
fundo e espreitou. Era pior do que pensava. O amigo era empurrado por uma
pequena multidão de homens e mulheres. Algumas pessoas tinham armas
improvisadas, paus, pedras, forquilhas, até vassouras, que usavam para o
incitar a avançar rua abaixo, espetando-o nas costas com elas. Tullock
obedecia, com gestos de coelho assustado. Segurava o braço esquerdo junto ao
corpo e sangrava copiosamente do nariz e do sobrolho. As suas roupas estavam
manchadas de sangue e lama, como se tivesse sido atirado ao chão e arrastado.
Mesmo assim, resistia quando o empurravam, provocando novos insultos.
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Anda, miserável. Mexe-te.
Um
dos homens pregou-lhe uma paulada valente nas pernas, logo acima dos joelhos.
Tullock vacilou, aguentou-se de pé.
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Vais levar uma mensagenzinha ao teu chefe.
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Mas eu não...
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Bandido!
Uma
mulher avantajada deu-lhe um empurrão que o lançou de borco para o chão. Tullock
gemeu e ficou quieto, encolhido sobre si próprio. O grupo rodeou-o, obstruindo
a visão de Nolan. Por momentos, não soube o que fazer. Não sabia como
enfrentá-los, eram tantos, e irados. Mas não podia abandonar o amigo.
Apesar de, provavelmente, ele ser o
culpado do seu azar.
Baixou-se
mais para espreitar por entre a floresta de pernas. A muito custo, Tullock
sentara-se. Uma mulher pequenina, com a cara engelhada, baixou-se de repente,
mais ágil do que a sua idade faria prever e, no instante seguinte, uma pedra
voou. Tinha excelente pontaria. A cabeça de Tullock foi atirada para trás
quando a pedra lhe acertou na fronte, o corpo franzino estremeceu. Gemeu e
deixou-se cair de lado, desaparecendo novamente entre as pernas.
Vão apedrejá-lo? O que é que eu faço?
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Por favor – gemeu Tullock – Eu não fiz nada! Não sei quem é esse Corvo. Não
sei, juro.
Pareceu
a Nolan que Tullock tinha acabado de dar um sinal de que a populaça esperava.
Cairam sobre ele, enraivecidos, numa trovoada de gritaria e movimento. Filho da
puta, bandido, assassino, repetiam-se por entre invectivas mais imaginativas. Ruídos
abafados de botas e tamancos no corpo mole, pontapés e murros e uma pedra
ocasional, e nem um som, um grito ou um gemido de Tullock se ouviu. Nolan
entrou em pânico.
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Matem-no! Matem-no!
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Deem cabo dele! Ladrão!
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Assassino! Bandido!
Paus
e pás ergueram-se bem alto e desceram com violência sobre o amigo. Continuava a
não conseguia vê-lo, mas parecia-lhe que não se movia. Imaginou-o enrolado numa
bola, os braços protegendo a cabeça, os joelhos contra a barriga. Pelo menos
esperava que sim.
Vão linchá-lo,
concluiu, desesperado. Matam-no se eu não
fizer nada.
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1 comentário:
Realmente, com a formatação certa fica bem diferente :)
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