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quarta-feira, 18 de abril de 2012

O que têm...

...a pintora portuguesa contemporânea Adriana Molder, o escritor Philip K.Dick (December 16, 1928 – March 2, 1982) e o realizador Ridley Scott em comum?

Estava aqui às voltas com o meu tema da (futura) tese, a rever trabalhos, e gostei de relembrar.

Uma das imagens do painel Skin Job, de Adriana Molder, série de desenhos inspirados na mulher-android Rachel, do filme Blade Runner.

"Desde o início que queria fazer algo que tivesse que ver com a ideia de obsessão. Obsessão de um homem por uma mulher, de um ser por outro, ou neste caso de um artista por uma imagem.(...) Elegi a Rachel do Blade Runner.Sei que é uma personagem muito popular, o que me poderia dificultar o trabalho, mas acho que representa na perfeição a ideia que tenho de como um ser intenso entra lentamente na mente de outro.(...) Também gosto da ideia de veneração de uma mulher que na realidade não é uma mulher, mas sim uma máquina, uma espécie de Golem, de Frankenstein.Agora, depois da série feita, fica também no ar a ideia de que esta mulher (Rachel) é também um estereótipo do ideal feminino segundo um certo imaginário masculino: sexy, misteriosa, bonita, submissa, sendo salva, talvez e apenas, pela sua intensidade emocional e pelo silêncio do seu olhar." (Adriana Molder, no site da pintora)


close-up extremo, herdado por Molder do filme noir – ou, neste caso, a partir dos close-ups em Blade Runner –  torna‑se  elemento aglutinador da atenção do observador, que é impelido a concentrar-se no rosto e nas suas variações. O painel reproduz as oscilações expressivas de Rachel no filme – cada imagem é inspirada num still da personagem, em diferentes momentos da acção – reveladoras da sua dualidade arquetipal, que o observador, mesmo menos informado, reconhece. (texto meu, adaptado)



Rachel, do filme Blade Runner, de Ridley Scott, baseado na novela de Philip K. Dick, Do Androids Dream of Electric Sheep? 

"A sua caracterização [de Rachel] no filme e no livro dependem da sua condição de androide, mas sobretudo do facto da natureza artificial não ser imediatamente visível: ela constitui, nas du as versões, o protótipo da ‘mulher perfeita’, bela, inteligente, distante, humana. No texto de Dick, como no filme, ela é o elemento perturbador das intenções do herói e o seu objecto amoroso. É a partir daqui que as duas versões divergem. Na obra de Dick, este interesse passageiro representa também a tentação sedutora e, uma vez que o herói é casado, o potencial de traição de natureza sexual, que está conforme à natureza da androide (...)  A fusão inicial de femme fatale e androide na mesma figura colocam, pois, Rachel no centro da intenção simbólica do filme sobretudo no questionamento da natureza do ser humano, num processo de desumanização do modelo feminino (ou, podemos questionar, de humanização do in-humano), e da sua intertextualidade. (texto meu, adaptado)



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