Páginas

quinta-feira, 15 de março de 2012

O Sabor da Tentação - Elizabeth Hoyt

Sinopse:
Lady Emeline Gordon é um modelo de sofisticação nos círculos sociais da elite londrina, sempre elegante e impecavelmente educada. Como tal, é a companhia perfeita para Rebecca, a jovem irmã de um empresário bem sucedido de Boston, que fora soldado nas Colónias.
Samuel Hartley pode ser rico, mas as suas maneiras são tão pouco civilizadas como as regiões inexploradas da América nas quais foi criado. Quem vai de mocassins a um baile distinto? O seu desdém arrogante em relação a decoro enfurece Emeline, embora a sua ousadia a excite.
Mas sob os modos desenvoltos de Samuel, ele é assombrado pela tragédia. Foi a Londres para ajustar contas, não para se apaixonar. Mas por muito que Emeline deseje sentir as mãos deste homem despudorado sobre ela, saborear aqueles mesmos lábios com que ele a arrelia, tem se dominar. Ela não é livre. Mas algumas coisas estão fora do controlo de uma senhora…  



Opinião: 
Esta história decorre em Inglaterra, numa época um pouco anterior à que caracteriza a maioria dos romances de época e sociedade, que têm lugar durante o século XIX. Este passa-se antes da independência dos USA, quando a Inglaterra ainda se debatia com os franceses - e ambos com os índíos - pelos territórios junto ao actual Canadá. 
Este facto é relevante porque a personagem masculina central é não só um colono que subiu a pulso na sociedade de Boston, mas também um soldado - o que nos leva ao princípio subjacente desta história, a primeira de quatro que têm como base um conto de fadas, neste caso o do soldado com coração de ferro.  Excertos da lenda dão início e tom aos capítulos, o que não é novo, mas não deixa de ser interessante, sobretudo (para mim) pelo contraste que se estabelece com a crueza da história que nos é contada, e por vezes até da linguagem que, em certas passagens, é explicitamente sexual.
Para fugir aos spoilers, fico-me por isto: 
Custou-me a entrar na história, talvez por esperar uma história de amor e pouco mais. Também é, claro, e nesse aspeto está bastante bem construída: não há nada de imediato nem demasiado óbvio, e, em certos momentos, chegamos a duvidar que seja possível um 'fim feliz', tão presas estão as personagens às suas diferenças pessoais, sociais e culturais. Sente-se essa diferença nascente entre a rígida sociedade inglesa e a que se formava do lado de lá do Atlântico, mais móvel e permeável a mudanças de classe social. Também isso está no centro desta história.
Esta é, todavia e inesperadamente, também uma história sobre fantasmas de guerra, sobre a forma como esta se agarra à alma e condiciona os homens que passaram pelo seu horror.  Não é nenhum tratado profundo sobre o tema, claro, mas a verdade é que a reação de diferentes personagens reagem a um determinado acontecimento marcante - qual fica para quem quiser ler - me fez apreciar mais a narrativa, que eu não estava inteiramente certa de estar a apreciar. Digamos que foi um comboio que arracou devagar.

Alguns detalhes: 
  • há um mistério que vem do tempo da guerra, cuja tentativa de resolução tempera a história de amor;
  • as personagens centrais, Samuel e Emeline, são ambos porcos-espinhos, cada qual com os seus picos, e frequentemente mal-humorados, sobretudo Emeline, o que, claro, acaba por ser engraçado;
  • há cenas de sexo explicito, com uma linguagem que me fez levantar as sobrancelhas (a mim, que li JR Ward e outras que tais sem piscar). O que é estranho? fazem um certo sentido.
  • aqui e ali, a tradução foi má, com expressões idiomáticas traduzidas à letra e tudo.
  • a capa... Não percebo esta capa. Não é porque gostar gostar, só gosto do pavão, que vá lá, tem cores bonitas, mas porque não percebo, de todo, a relação com a história. A rapariga não pode ser lady Emeline, que ne m olhos azuis tem! Também não entendo o título.... quer dizer, entendo, mas não me passava pela cabeça um título destes para esta história.
 Li com vontade - para o fim - mas não recomendo, nem deixo de recomendar.


3 comentários:

cris disse...

Acho que nao deviam atribuir as capas sem falarem primeiro com pessoas que tivessem lido os livros... Acontece tanto isso que dizes!
Bj
Cris

Inês Santos disse...

concordo com tudo como ja deves ter reparado pela minha opiniao (que esta muito menos desenvolida que a tua =s).

isso da capa tambem é verdade, mas aocntece tanto que ja nem ligo.

Márcia Balsas disse...

Tenho este livro para ler, confesso que não espero muito dele, tendo isso em conta até achei a tua opinião positiva.