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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Jason Bourne - fantástica adrenalina inútil

A trilogia Jason Bourne foi das mais entusiasmantes a que assisti nos últimos tempos. A acção foi sempre extraordinária, brutal, de manter o espectador agarrado ao assento e de respiração suspensa, mas a história não ficou atrás e cada filme veio completar o anterior. 

Cheguei ao fim da trilogia com a sensação de ciclo fechado e, como tal, o anúncio de um novo Jason Bourne deixou-me curiosa (vou esquecer o outro spin-off, o tal Legado, que sendo um bom entretenimento, tanto podia ser Bourne como outra coisa qualquer). O que poderia este filme trazer que acrescentasse ao que já estava feito? Ou seria um derivativo inútil? Conseguiria manter o nível de entusiasmo com que continuo a ver os três do primeiro ciclo?

Sim e não. 

O filme é uma montanha russa, que, no que diz respeito à acção, falhou para mim apenas na segunda perseguição automóvel, pelas ruas de Las Vegas, longa, exagerada, excessivamente brutal, desnecessária e, em última análise, irrealista. Fogo de artifício. De resto, é de prender o fôlego desde o primeiro ao último momento. Matt Damon, nos seus quarentas, continua fantástico. Ele é Jason Bourne, esqueçam as mudanças à James Bond. Tommy Lee Jones é sempre garantia de algo bom, embora não fuja do padrão dos anteriores directores da CIA nestes filmes, e Alicia Vikander domina com um ar de incoência que nos mantém na dúvida quanto às suas intenções mesmo até ao fim. Há cenas fantásticas de uma manifestação violenta na Grécia, logo no início - embora mesmo aí mantenha que as perseguições de carro por entre multidões sem se verem corpos a saltar, atropelados, é irrealista. Infelizmente, tivemos bem noção disso em recentes acontecimentos reais. 

A intriga não é desisteressante, pelo contrário, mantém os ingredientes dos anteriores numa mistura exacta... e, no entanto, inútil. Este filme não faz falta. Não prejudica os anteriores, mas não era de todo necessário. Ficamos a saber um pouco mais acerca do modo como David Webb / Jason Bourne chegou aos programa? Sim, mas não era preciso. Acrescenta-se um novo conhecimento sobre programas futuros? Sim, mas já se calculava que eles existissem, com vigilância global, etc. Ficamos a saber mais sobre a o modo de vida actual de Bourne? Um pouco... mas nada que nos fizesse falta. E o que quer isto dizer? Que me diverti muitíssimo e que o filme é excitante, enquanto estamos sentados na cadeira, um excelente espectáculo de cinema. Faz da trilogia uma tetralogia? Bom... não. Para mim não. 

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