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sexta-feira, 27 de maio de 2016

Red Rising Trilogy - Upgrading the YA dystopia

Long opinion in PT. Shorter opinion in English in the end.

Red Rising é um trilogia distópica YA de ficção científica e fantasia, que engloba os livros Red Rising, Golden Son e Morning Star. Existe tradução para o português, mas li-os no original, em ebook. Creio que o autor está neste momento a preparar nova trilogia, que retoma a (re)construção deste mundo onde Morning Star a deixa.

Pierce Brown criou um estranho e fascinante futuro para a humanidade, que, por vontade própria e por ter sido a isso forçada por algum grande cataclismo na Terra (uma guerra global, radiação, etc), se espalhou pelo sistema solar e, creio, mais além. Os planetas e luas do nosso sistema foram todos colonizados e o homem, tendo criado condições de habitabilidade em cada um, como uma atmosfera, real ou fictícia, adaptou-se à gravidade de cada um. O sistema é governado por uma espécie de Imperatriz - supostamente eleita, mas sabemos que não é bem assim - e por ArquiGovernadores e Governadores em cada planeta, e por uma elite de famílias relevantes, com fortunas, exércitos e naves. Mais importante, está dividida num sistema social de uma rígidez extrema, cada classe designada por uma cor e com uma função específica, os Vermelhos na base da tabela (são os trabalhadores braçais, os operários) e os Dourados no topo (são os líderes, os grandes militares, a classe política). Pelo meio, temos cores como os Violeta, criativos, Amarelos, a classe médica, Obsidiana, terríveis guerreiros gigantes, os Cinzentos, para policiamento, os Rosa, apenas para o prazer, os Azuis, mentalmente ligados às máquinas, etc. As cores reflectem-se em todos os aspectos, até na aparência e resistência física dos membros de cada classe. 

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Não sabemos disto de uma só vez, até porque o que acompanhamos Darrow, um Vermelho que trabalha nas minas de Marte, convicto de que faz parte de uma classe pioneira que prepara ainda a atmosfera do planeta para a colonização. Por circunstâncias que, caso as narrasse, seriam um terrível spoiler (mas me levaram às lágrimas logo na primeira leitura, aí a 10% do livro!), Darrow vê-se atirado para uma revolução da qual será instrumento fundamental. O que daí sai faz lembrar, de início, os Hunger Games e outros YA que assentam num princípio semelhante. A diferença essencial estaá, para mim, na facilidade com que aderimos à personagem e no fascínio que descobrir um mundo intrincadíssimo e com todo o sentido... embora não faça sentido nenhum. 

Explico: nesse futuro distante, o homem tem um enorme fascínio pela Antiguidade. Deuses gregos, romanos, Nórdicos. O que vem do passado determina em grande parte a visão que o homem tem de si próprio. As grandes casa e os Dourados têm quase todos nomes da Antiguidade Clássica e os seus valores - enquanto guerreiros, políticos e homens de justiça - são de lá copiados. O que me parece mais curioso é que utilizam os conhecimentos sobre a Antiguidade como imagino que pudessem ser usados a tal distância no tempo e no espaço - distorcidos, parcelares, adaptados. A democracia é uma sombra de si própria, a justiça também. Não sei bem que língua falam, mas percebe-se que não é inglês e as referências em latim são constantes.  

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A estética também é decalcada da antiguidade e, porque estamos no futuro, é possível esculpir ("carve", em inglês, que me soa muito mais terrível) o ser humano profundamente, alterá-lo quase a nível genético, colocar implantes, regenerar as células de tal forma que, não chegando à eternidade, é possível atrasar o envelhecimento, mas sobretudo alterar o corpo para ser perfeito - ou mais perfeito, ou mais adequado ao que dele se pretende. Fez-me lembrar, nesse sentido, O Brave New World, de Aldous Huxley. A ciência implícita neste mundo é fascinante - entre naves espaciais e alterações ao corpo humano, armas fascinantes e as adaptações às atmosferas das luas e planetas - e ainda mais fascinante pela conjugação com o tal fascínio pela cultura da Antiguidade. O homem corre para a frente, mas precisa de raízes e são estas que tornam plausível esta fantasia. 

O primeiro livro, que nso apresenta este mundo e as personagens, foi o meu favorito, embora os restantes estejam a um fio de cabelo de distância. É o que se insere mais na distopia YA como a conhecemos de outras obras, mas acaba depressa, com a violência inerente e a complexidade das personagens. Nada de bons e maus, todos apresentam nuances que rompem com a linearidade habitual nestes livros e, entre opções e traições, vão oscilando entre um lado e outro. O próprio Darrow está dividido entre dois mundos, duas pessoas, o amor e o ódio, a raiva e a admiração, o medo e a coragem. Todo o livro é de grande violência e as personaens não são poupadas. Nem todos os "bons" chegam ao fim, nem todos os maus são maus, nem sempre acreditamos que o caminho escolhido por Darrow é o correcto, nem sempre duvidamos da intenção dos "maus", nem sempre os actos dos bons são louváveis. 

Darrow é um assassino com um coração poderoso, tanto no amor, como no ódio. Quando falo de amor, falo menos no amor romântico do que no amor entre irmãos, considerando uma estranha irmandade a que se estabelece entre os que deviam ser inimigos, pelos seus, os Vermelhos em revolução, pela humanidade que trilhou caminhos tortos, pela liberdade, etc. Há interesses româticos (dois amores para Darrow, posso dizê-lo, um inspirador, outro mais concreto e difícil, e outros entre diferentes personagens), que são plausíveis, nunca explorados em demasia e nem sempre com fim feliz.  No meio da guerra, porque estes são livros de guerra, há muito amor a mover as personagens, sobretudo a principal.

A única crítica talvez seja - a partir do segundo livro - algum prolongar das cenas de guerra, quando eu queria ver mais das interações pessoais e políticas entre as personagens e alguma exploração das dúvidas de Darrow que, aqui e ali, se tornaram um nadinha repetitivas. Nada que, num caso ou noutro, ensombrasse o prazer da leitura. Nem o facto de, a partir do momento em que os actos derradeiros desta guerra foram "postos em movimento", eu ter percebido sem sombra de dúvida o que se passava e para onde se dirigiam, me desencantou. Escusado seria, porém, o epílogo, sobretudo se há continuação - ou pelo menos o epílogo nos termos em que está. E não digo mais, ou...  big spoiler. 

Red Rising is a sci-fi / fantasy YA dystopian trilogy that includes the books Red Rising, Golden Son and Morning Star. I believe the author, Pierce Brown, is writing another trilogy set in the same reality, a follow up for the world destroyed and (re)created in this first three installments of the story.

Set in a somewhat distant future, it presents a reality in which man has spread through the solar system (and beyond, I think) and colonized planets and moons. Science is very advanced and allows for almost everything, from space travel to genetic change and almost complete regeneration of the body. You are not eternal, you still die from wounds and old age - but you can recover from an amazing amount of severe damage and you can prolongue life somewhat, if you're Gold. Society is very strictly divided into classes, each a different colour that reflects in its physical appearance, occupation, life expectancy and so on.  Reds are at the bottom, the labourers of this world, and seem to live in the Middle Ages. Goldens are at the top, the politicial and military leaders whose values (and names and aesthetics) are a throw back to Greek and Roman times. The way it's all fused together, with the natural errors of an amazingly long distance in time, is fascinating, as is the need man has and will always have for something to root its progress on.

These are war books. The first reminds you of other YA dystopias, such as Hunger Games, but the violence and plotting among characters - as well as the brotherly love and the hate - are so strong, the characters never black and white, capable of the best and the worst, of full support and them treason, that you quickly forget any similarities. Darrow is a killer with an enormous heart, an unwilling natural leader. The love interests in the story make sense and are never overplayed. In fact, they are often overshadowed by all the rest and they don't always have happy ends. Characters aren't always what they seem, and most aren't either good nor bad. There is love there, though, and loyalty, and blood. Amazing.

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