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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

O fim da trilogia - A Hora Solene, de Nuno Nepomuceno

Está concluída a leitura da trilogia, André Marques Smith já tem um destino e, depois de vários dias sem tempo nem paciência, roubo uns minutos para escrever uma opinião pequena - vou tentar - sobre este último livro, A Hora Solene. Tenho que começar por dizer que foi uma leitura longa por culpa minha e não do livro, que tem um ritmo rápido e é fácil de ler e de gostar.  Posto isto, confesso  (desculpa, Nuno) que o meu favorito é o primeiro, O Espião Português . Talvez por não conhecer ainda o Espião, talvez por não ter ainda expectativas quanto ao que aí vinha ou ao que lhe sucederia. Os seguintes são o desenrolar mais ou menos inevitável do que o Nuno começou a construir nesse livro, com um ou outro twist inesperado, de que não falarei para não estragar leituras. 

Continua a ser delicioso ler um livro de acção tão português, no sentido em que Lisboa e arredores estão presentes de forma marcante. Claro que é também um livro internacional, porque nem este espião, nem os seus aliados e os seus inimigos param quietos... Lisboa funciona como âncora, porque as acções principais decorrem noutros lugares mais ou menos exóticos na Europa e fora dela. Nesse aspecto, e noutros, há muito de James Bond na trilogia, como referi já na minha opinião sobre A Espia do Oriente, com os clichés que isso implica - a gente bonita, os vilões estranhos, a forma como se desenrola a acção e onde. Não têm de ser uma coisa má, oferece referências e é cinematográfico, o que funciona muito bem aqui. A acção é rápida e bem descrita. De quando em quando, as explicações sobre os lugares são muito detalhadas, o que é um pau de dois bicos, porque, embora seja interessante saber, por vezes não fazia falta naquele momento da acção, pelo contrário. 

Este terceiro livro dispersa-se por mais núcleos de personagens, o que é natural, porque há coisas a acontecer longe do protagonista que são relevantes. Acompanhamos os maus da fita quase tanto como acompanhamos André Marques-Smith. Este mantém a consistência e a afabilidade que atraem o leitor, embora talvez necessitasse de um pouco mais de angústia - afinal, a sua situação é mais negra do que nunca. É um livro em que a acção é mais relevante do que a emoção, sim, mas o autor abriu caminho aos aspectos mais íntimos logo de início, criando uma envolvente pessoal para o espião, com família, amigos, coisas a decorrer que não se reduzem ao seu "trabalho". Não estão de todo ausentes deste volume, claro... a família talvez esteja até mais presente do que nunca.  

Quanto aos restantes, gosto mais das personagens que não são preto-e-branco, como Anna e Anssi, que caminham sobre o muro entre bem e mal, e gostaria de ter visto um pouco mais dessa dualidade na vilã... talvez algum sentido de proteção da cria que envolvesse sentimento e não interesse. Claro que a sua frieza é propositada, tal como a de outros membros menores do grupo.  

Uma nota, antes de concluir...  O último livro da maravilhosa saga Harry Potter tem um capítulo a mais, o epílogo. Fiquei capaz de matar a J.K.Rowlings quando o li. Teria preferido que a autora não me tivesse mostrado o futuro, mas a forma como as personagens se resolveram e reencontraram no presente. E pronto, é só isto, e juro que não me enganei, a falar aqui sobre o Potter, nem estou maluca! Não digo mais. 

No conjunto - e sim, os três livros precisam de ser todos lidos e a a conclusão é satisfatória - é uma trilogia que se lê muito bem e muito depressa. Quando o Nuno mandar cá para fora outras coisas, cá estarei para lê-las. 

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