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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

muitos

quando em mim sou muitos
e diferentes
não há nenhum que uno me defina
nasço pela manhã
entre peles de cordeiro
descubro sempre novo
o novo instante
e anoiteço na máquina do futuro
de muitos nos dias
recolho o movimento
porque nenhum preenche o espaço inteiro
e todos se acomodam
no deslize de momento breve
pelo centro do dia construir-me-ei de letras
de geometrias dos lugares onde não estou
a carne a medida da razão
a razão o vértice da carne
e se o fundo da noite me encontra sereno
é porque os muitos
no corpo de um se adormeceram







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