Páginas

sábado, 11 de outubro de 2014

Dracula Untold e o príncipe (demasiado) honrado


Da história/lenda de Vlad o Impalador, príncipe da Transilvânia e Drácula original, o primeiro dos vampiros, o que deu origem a figuras tão caricatas como Edward Cullen (o que brilha... eheheheh) sei só o que fui absorvendo através dos filmes e livros que fui lendo. Que era um guerreiro, que era muito religioso, que amava a mulher mais do que a vida, que a perdeu, que se sentiu traído pelos seus e por Deus. Não sei, por isso, até que ponto este filme, que atraiu de imediato o meu lado de apreciadora de literatura e imagética góticas, segue a lenda ou se constrói a partir dela. Podia descobrir, como pensei em fazer no regresso a casa, mas o ensejo foi-se. Fica o filme.



Serei breve porque não tenho, na verdade, muito a dizer. A história tem princípio, meio e fim, mas podia ser mais sólida, com mais momentos de dúvida, mais medo e mais negrume e uma personagem multifacetada. Não é, falta-lhe profundidade a todos os níveis. Há bastante do lado negro da força aqui, mas de alguma forma fica àquem... como se não passasse de uma caricatura do mal, que se diz que aterroriza, mas não se sente que aterroriza. Falta-lhe esse ambiente de pavor, face aos turcos, que querem as crianças e depois vêem para invadir e destruir, sem que o lider ou exército atemorizem, e sobretudo face à  coisa obscura na montanha, um medo que devia ter sido conhecido antes de se conhecer a criatura. O horror do invisível, do desconhecido, é mais poderoso do que um bicho feio, e teria oferecido uma base mais sólida para as opções de Vlad. 

Este é honrado até ao limite do aceitável e se calhar para além disso, um reflexo de si próprio. Mais uma vez se diz que é temível, mas não se sente que o seja. Um homem que, na infância, foi cedido pelo pai aos turcos com 1000 outros rapazes, treinado com volência para a violência teria que ser um adulto perturbado, muito menos linear nas suas paixões, muito menos capaz de resistir ao poder da escuridão. Digo eu, sei lá. O certo é que ele resiste, é digno até ao fim, pai e marido e príncipe da sua gente, e para mais com uma adaptação quase imediata muito pouco plausível aos seus poderes.  

A imagem é escorreita, bonita, com efeitos especiais interessantes e bastante movimento, proporciona um bom entretenimento de família, com os miúdos, numa sexta feira à noite de grande exaustão, não me aborreci nada mas não ficará na (minha) lista de filmes a rever, Na verdade, creio que fez o seu trabalho, não esperava muito mais dele. Teria, se lhe atribuísse uma classificação, três estrelinhas. Deixo o trailer.



Sem comentários: