Páginas

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Transcendence...não transcende nada

Não conheço o realizador, Wally Pfister, mas gosto de ficção científica e gosto de Johny Depp. Interessa-me a exploração das temáticas que concernem os efeitos da tecnologia na vida humana, no futuro, com a inteligência artificial, a nanotecnologia, o progresso da Internet, etc.  A questão dos valores e da possibilidade das máquinas reconhecerem ou não emoções, bem e mal, certo e errado, para além do que dita a lógica. Vários filmes, nem todos sérios (este também não é), já se debruçaram sobre a questão. Lembro-me, por exemplo, de no filme I, Robot a personagem principal detestar os robots precisamente por essa sua incapacidade - por terem-no salvo em vez de uma criança, com base em probabilidades de sobrevivência. Nada de mulheres e crianças primeiro, vence a lógica. Não é um filme sério? Não, é um filme de acção, divertido até, mas com base num livro de Isaac Asimov e com premissas muito interessantes. 

Em Transcendence (não sei se há livro ou não), o que parece um filme sério com um excelente potencial para reflexão, porque os ingredientes estão todos lá, acaba por reduzir-se a um filme de aventura, interessante em termos das propostas tecnológicas (embora ache que se excederam até nisso), muito pouco na reflexão que faz. Se de início há pelo menos uma promessa de questionamento e algum esbater dos limites do bem e do mal, do certo e do errado, depressa se cai... em quê? Resumindo, nisto: rai's part'o amor, que cega até cientistas inteligentes, sobretudo do sexo feminino, claro, claro, e bad machine, bad! Não há lugar para qualquer dúvida sobre o percurso desta "consciência na máquina", uma vez que quase de imediato se compreendem as suas intenções, e não são boas. Para nós, seres humanos, são péssimas. Nem sequer a questão do Deus-máquina está bem explorada, apesar da alusão a Jesus Cristo e ao milagre da cura e da capacidade para a Criação. Pouco mais posso dizer sem fazer spoiler.

O resto é espectáculo tecnológico e alguma acção. O filme é previsível e um pouco oco mas vê-se bem, ou não tivesse óptimos efeitos e bons actores. Só tem 6.4 no IMDB e percebo perfeitamente porquê. 


Sem comentários: