Páginas

quarta-feira, 16 de julho de 2014

navios de solidão

Não aportam em terras verdes
os navios da solidão
não encontram no fim dos dias
nem recompensa de carne
nem de flor ou fruto ou madeiro
nem há brisa em vela branca
a empurrar pelo mundo
a viagem é infinita
não aportam nem avançam
estes cascos entalhados
sobre as ondas de mau sal
de tantas lágrimas e suores
desses fantasmas de amores
e tantas sortes perdidas
sem encontrar terra à vista
desaparece o navio
em sargaços e neblinas
em breve será esqueleto
osso branco e nú de memória
de sua intenção vazio


Sem comentários: