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terça-feira, 13 de maio de 2014

Nome

Todo o nome desaparece, pedra ou pluma.
Palavra de coisa nenhuma nasce dentro
adere às imagens em forma, cor e cheiro,
prende-as a nós como corrente.
Mas é nada como é nada o que vemos.
No fim é nada menos que nada o que é nosso.
Desfaz-se o nome inscrito no esqueleto
gravado nos ossos em ilusão de permanência,
nome de filho, nome de alma, caminho inevitável.
Morre o eterno como o que foi solto ao vento
ou abandonado à sorte regrada das marés.
A esse leva a corrente, de sopro ou sal.
O outro que fizemos pedaço de nós
solta-se no fim em pó fino e desaparece,
dissolvido sem ardor nem memória até ser nada.
Nisso é como nós, perdido à nascença.

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