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quarta-feira, 14 de maio de 2014

contar estrelas

Se houve um dia um motivo
para contar estrelas aconteceu
quando o mundo era ainda fresco
limpas as montanhas e nevadas
vastos os mares desconhecidos
antes mesmo do homem quando
ainda era impossível contá-las
pela ausência de símbolos ou
pelo excesso de pontos luminosos
antes muito antes de se povoar
o céu de luzes em asas de metal
e do ofuscar de outras iluminações
nas janelas e estradas do homem
antes de se tornar sujo e opaco
o ar que respiram as folhas
Não havia homem para olhá-las
quando eram fartas e belas
nem para organizar o firmamento
em nome de bichos e em deuses
ou cantar loas à luz distante e fria
ou cismar e descobrir a razão
do espanto desfeito em elementos
Então era a terra que pasmava
e se continha redonda e nova
na sua pequenez de jóia azul
no veludo do universo semeado
de diamantes ainda por contar






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