essa mulher

abre a porta 

hesitante 

e bela

o vento varre-lhe 

os cabelos sobre os ombros

inspira

sorri

desce a escada 

num voo 

lança-se pelo passeio
salto alto
casaco quente
contra o sopro gelado
da manhã
a saia travada
a desenhar
a forma

essa mulher
esqueleto de aço
pele de seda
espalha-se pelo dia em muitos gestos
pela noite dentro
abandonada
num copo de vodka duplo

chega pelas lajes
ainda bela
cansada
procura chaves perdidas
no fundo da bolsa
que pousa
junto à porta
luz apagada
sapatos na mão
roupa aos poucos
largada
pelo chão
acolhe o corpo exausto
e satisfeito
numa cama king-size
só para ela
dorme assim
corpo nú
e bela