Páginas

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

nervo


o pé descalço, a ponta do dedo
unha vermelha no gume da navalha
a fazer sangue lá muito de dentro
o corte lento de repente rasgado
aberto por mão voraz, irrompe
o som num silêncio que devora
a golfada de ar a rebentar o peito
o voo picado do cimo da escarpa
a curva da asa aberta, a conhecer
o sabor do vento prenhe de sal
a quilha do peito feita às vagas
a solidão de um espaço inteiro
inesperadamente seu, o nervo
nú exposto ao arranhar violento


Sem comentários: