acendem-se as luzes na cidade e ela
desce a rua em fato de saia e casaco
pisando em salto alto a pedra hesitante
da calçada preta e branca da avenida
a bolsa grande cheia no ombro esquerdo
o cabelo liso como ouro pelos ombros
motores em música de fundo, dissonante
está cansada exausta a maquilhagem gasta
ele vê-a
vê o halo de luz que ela não encontra em si
vê-o arrepiado de um conhecimento certo
esta noite vai ser ela sentada à sua mesa
dentro da cabeça atrás das pálpebras
na sua cama quando se deitar sozinho
avança com a palavra atrás dos dentes
para lhe dizer que é linda que é linda
que é linda que é linda que é linda
passa por ela
passa por ela linda e não diz nada
leva-a no bolso no silêncio emudecido
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