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sexta-feira, 17 de maio de 2013

Eu não gosto da Alice

mas tenho por ela um fascínio absoluto, tanto por Alice in Wonderland como por Alice Through the Looking Glass, o seguimento menos conhecido da história.  
 
 
Vem este post a propósito de outro do Clube de Leitores, publicado ontem ou hoje, onde se mostra uma página do manuscrito de Carroll, com desenhos seus. Bonito, sem dúvida, como têm sido tantas e tantas obras de todos os tipos inspiradas pela loucura que é esta história. Não é a loucura que me repele, talvez seja o medo de crescer que revela. A ideia de ficar para sempre preso na infância assusta-me. Talvez não tenha sido uma criança suficientemente feliz, porque os meus filhos têm ambos um complexo Peter Pan, vão crescendo sempre com a vontade de não crescer. O meu interesse pela história é intelectual e não emocional ou prazeiroso, porque, na verdade, a única parte que me diverte é o poema Jabberwocky. Reside na sua ligação com o fantástico.
 
A natureza fantástica do sonho (porque Alice é um sonho, ou como um sonho, se quisermos), esse meio caminho entre o onirismo puro e uma viagem pelo subconsciente que nos permite  imaginar que elementos dominavam a vida do autor, chás e drogas e um encanto pouco natural por meninas pequenas, foi precursora do surrealismo, e o surrealismo é um dos movimentos mais fascinantes do século XX, em termos de uma viragem das mentalidades para o Eu e do reconhecimento de uma vida interior. É Freudiano, claro, tudo isto - e essa parte já não me agrada tanto. Mas adiante.
 
Tal é o fascínio, porém, aliado a essa repulsa visceral, que cheguei a considerar assentar a minha tese de doutoramento no estudo do reflexo da obra em artistas portugueses. Cheguei infelizmente à conclusão que é escasso e fraco e, tendo-me sido desaconselhado que saísse de fronteiras nesse trabalho, mudei para uma abordagem mais geral e feminina do fantástico por cá. Na altura, achei que tinha sido boa a mudança forçada, seria um trabalho doloroso para mim. Agora tanto faz: está tudo parado.
 
Quando iniciei as minhas pesuqisas, porem, encontrei alguns "objectos" artisticos interessantes, antigos e recentes, nacionais e estrengeiros, e é isso mesmo que quero partilhar. Para evitar um post ainda mais longo, fico-me por quatro imagens. Estas:
 
Magritte
 
Dali
 
Mark Ryden
 
Sonja Tynes
 
Munoz
 
Paula Rego
 
João Concha
 

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