Hoje é a escritora que vem a jogo, com (pelo menos) três anos de siêncio a compensar.
Três anos é muito tempo para andar escondida. Nesse período de tempo, vi terminar o contrato de dois livros publicados em formatos diferentes, e que são agora meus outra vez: o Alma Rebelde, que necessita de uma séria edição e revisão minha, e o A Chama ao Vento, que nunca esteve em papel e, pelos vistos, dificilmente virá a estar - mas a esperança é a última a morrer, claro! Também atravessei fases diferentes, a de ansiar pela publicação de um novo livro, a de tentar a do Chama, a de desacreditar da escrita e outras coisas, sobretudo no último ano, e a de me aperceber que não sei desistir. A de bater com o pé a mim mesma (e não só) e levar tudo à minha frente. E a de recomeçar.
Pelo meio disto, a pandemia e um confinamento, que me daria, idealmente, mais tempo para a escrita. Uma ilusão. Nunca trabalhei tanto no que me põe o pão na mesa - sou professora.
Então... e em três anos não escrevi nada? Claro que sim. Terminei um livro, cuja execução me levou anos e anos de batalha e incerteza e que, a ser publicado, me trará ao mesmo tempo prazer e terror, por se passar numa terra da qual não me lembro, mas que muita gente recorda ainda, num período em que eu ainda não existia - ou era criança pequena - mas de que outros, muito próximos, decerto se recordarão. Meias palavras? Para bom entendedor chegarão (na imagem, a welwischia mirabilis, planta anciã do deserto do Namibe). Terá o tom certo, este livro? Os lugares estarão bem retratados? Os acontecimentos? O sentimento? Que sei eu? Ah, que presunção a minha, e ao mesmo tempo que ternura coloquei nesta história! Não tem ainda nome definitivo, mas quando tiver (e eu puder) falarei mais sobre ele. Também tenho procurado o consolo da eterna revisão de um dos meus livros de fantasia, A Grande Mão. Tem mais de 10 anos, talvez quase 15, este livro... E quantas vezes falei já dele? Quantas o revi, acrescentei, cortei, matei "darlings", fiz nascer outros? Quantas vezes encontrei consolo nele, quando me vi sem caminho, sem me importar se era maravilhoso, bom, mau, medíocre. Assim é o que mais amamos. Cresceu tanto, que está agora dividido em três partes: revi a primeira, a que chamei "A Companhia do Corvo", revejo agora a segunda, "Passo Solto", com tremendo gozo, hei-de chegar à terceira, "Morte no Lin", e depois se verá o que lhe sucede. Muito gostaria de o ver chegar às mãos de quem gosta do género, embora também me assuste vê-lo encerrado numa versão final, todas as revisões terminadas, as personagens e lugares e acontecimentos na sua derradeira versão. Tão bom, tão terrível!Que enorme texto escrevi! E, no entanto, muito mais curto do que os 3 anos que, apressadamente, nele reflito. Tanto para dizer, e nada ao mesmo tempo, porque estive longe de mim, e agora regressei.
Gosto tanto do teu regresso, Carla.
ResponderEliminarDos teus livros, e do A grande Mão, já sabes que gosto e que lhes desejo toda a sorte do mundo.
Também a mim o confinamento tirou tempo de leitura. Trouxe coisas boas e uma serenidade que há muito não tinha (dou-me muito bem com o teletrabalho) mas não me trouxe mais tempo para ler.
Beijinhos e boas leituras (e escritas)
Obrigada!
ResponderEliminarNa verdade, também me dei muito bem com o teletrabalho, apesar da intensidade. Coisa de introvertida numa profissão extrovertida, como o ensino. Li bastante, escrever é que não.
Quanto ao Mão, vamos ver o que lhe acontece.
Beijo grande!