Páginas

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

A Contadora de Filmes, de Hernan Rivera Letelier, mini opinião para um mini livro


A Contadora de Filmes é um pequeno livro (apenas 88 páginas) que peca apenas por isso - por ser tão pequeno. Em vários momentos lamentei não saber mais sobre alguns acontecimentos e não os ler em maior detalhe, sem deixar de apreciar a forma quase descomprometida como são contados. 

Trata-se de uma narrativa na primeira pessoa, na voz de uma rapariga com uma habilidade especial para narrar os filmes que vai vendo, o que se torna importante numa povoação onde não há outro entretenimento senão um velho cinematógrafo, na época de ouro do cinema, os anos 50. Situado numa localidade mineira muito pobre no Chile, mostra-nos, do ponto de vista de Maria Margarita, a sua "ascensão" e "queda" como contadora de histórias, mas o que lemos é mais do que isso, é um retrato incompleto, melancólico mas estranhamente positivo desta povoação e do seu modo de vida- embora nos fique a imagem de miséria e alguma degradação moral - bem como, de forma muito rápida, a sua súbita decadência e desaparecimento, com Pinochet. A decadência, aliás é também a da família e do cinema, com a chegada da TV, como se os três estivessem relacionados.

É um livro agridoce, meigo e sem auto-comiseração, mas com uma espécie de aceitação fatalista da pobreza extrema e da desgraça, como se ambas fossem aspectos naturais da vida. A leitura, que me encantou, deixou-me com um apertozinho no peito e um sorriso nos lábios ao mesmo tempo... e muita pena por ter sido tão curta!

1 comentário:

Carla disse...

Olá Carla,
Eu li este livrinho faz algum tempo e recordo que gostei muito, partilho contigo o facto de ser bastante pequeno e talvez com mais pormenores tivesse ainda sido melhor.
Boas leituras.