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domingo, 3 de maio de 2015

O encantamento de Giselle

Há algum tempo que a minha filha expressava o desejo de ir ver um bailado clássico e há muitos anos que não ia ver dança. Quando era (muito) mais jovem, fui várias vezes assistir a espectáculos de dança contemporânea mas, confesso, nunca tinha assistido a um clássico. Tive vontade muitas vezes, tentei comprar bilhetes algumas vezes, sempre demasiado tarde. Um crime, descobri ontem à noite. 

Incitada pela vontade da miúda, comprei, em Janeiro, bilhetes para o Giselle com a Companhia Nacional de Bailado, no Teatro Camões. Na segunda fila, para podermos ver até as pestanas dos bailarinos. 
(preço de bilhete para jovens, com 50% de desconto)

Georges Garcia coreografia, recriação e encenação, segundo Jean Coralli, Jules PerrotMarius Petipa e Théophile Gautier  
Adolph Adam música 
Ferruccio Villagrossi, cenários · 
Cristina Piedade desenho de luz 
Figurinos tradicionais, gentilmente oferecidos pela Fundação Calouste Gulbenkian 
Orquestra de Câmara Portuguesa, com direção musical de Pedro Carneiro 

Tinha a certeza de que gostaria, mas ainda assim fui tomada de surpresa. Até se ter estado sentado em frente da orquestra, se ter escutado a música, se ter visto a cortina levantar e se ser levado pela encenação e nos movimentos dos bailarinos, a contar uma história sem palavras, não é possível ter a noção. Não há descrição para o modo como subimos e descemos e revoluteamos com os acordes, e como saltitamos e oscilamos e voamos e sorrimos e sofremos com os movimentos, precisos, exactos, elegantes, impossíveis, dos bailarinos. É mágico. 


(à falta de uma imagem do espectáculo que vi ontem, que tinha um cenário lindíssimo, fica esta, da Royal Opera House de Londres, que pelo menos traz um nadinha da magia das Willis do segundo acto da Giselle)

"No primeiro ato, a aldeã Giselle está apaixonada por Albrecht, um nobre disfarçado de camponês. Quando Giselle descobre a fraude, ela fica inconsolável e morre.
No segundo ato, Giselle torna-se uma willi, um dos fantasmas das raparigas noivas que morreram antes do dia do seu casamento. Sempre que um homem se aproxima, elas obrigam-no a dançar até a morte.  Albrecht vem de noite visitar seu túmulo e Giselle, cujo amor é eterno, salva-o de ter o seu espírito tomado pelos willis espectrais e pela sua rainha. Giselle dança no lugar de Albrecht e, dessa forma, impede que ele chegue à exaustão, quebrando o encanto das willis."  (perdoem-me, é mesmo wikipédia, mas corrigi...)
O primeiro acto é muito animado, com festas e danças de aldeia e um namoro bonito, até ao momento dramático em que se revela o engano de Albretch e Giselle morre. O segundo, porém, tirou-me o fôlego, porque, ainda que tenha menos acontecimentos, é etéreo e lindíssimo no seu cenário de graveyard gothic. Os pas-de-deux entre o espírito de Giselle e o seu amado são delicados e comoventes e as willi, arrepiantes, são ao mesmo tempo sedutoras e tristes. Não concordamos - o meu marido preferiu a primeira parte, mais alegre e movimentada, eu a segunda. A minha filha gostou das duas por igual.

Fica um nadinha da segunda parte. Não é a que eu vi, mas assemelha-se. Infelizmente, não está identificada...





Considero ir ver o Pássaro de Fogo no mês que vem, e agarrar bilhetes para O Quebra Nozes assim que aparecerem. Estou convertida e convencida a repetir a experiência muitas e muitas vezes.. 


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