Páginas

quinta-feira, 5 de março de 2015

JABBERWOCKY - um topeslo sobre a trocubitação de um nestromino!

Em Alice no País das Maravilhas e Alice do Outro Lado do Espelho, de Lewis Carrol, há uma dose de loucura - ou uma valente 'pedra'! - cujo resultado literário é muito interessante, um exercício de nonsense no qual podemos procurar metáforas, e encontrar uma dúzia delas para várias das tresloucadas situações, ou deixar fluir. A verdade, porém, daquelas que não gostamos de admitir perante os clássicos, é que, por muito que me deixe seduzir pelas possibilidades do(s) livros, pelas personagens, pelos cenários e sequências improváveis, a leitura de ambos os livros foi enervante. Detesto-os, tanto quanto me fascinam, porque nunca consegui abandonar a vaga irritação que tenho face aos seus sonhos opiácios, disfarçados de fantasia infantil. E é aí mesmo que reside parte do seu fascínio, não é? Suspeitar dos terríveis vícios adultos que se escondem em roupagem de criança. Uma contradição, ser fascinada pelo que mais me irrita.

De todo o livro, dos dois livros aliás, tenho uma parte favorita - e é esta, o poema Jabberwocky. Adoro a ideia de brincar com o que não existe, e ainda assim fazer sentido, criar uma realidade plausível. É assim que fazem os escritores, não é verdade, remoldar o que existe? 

Carroll inventa palavras, suportadas pelas estruturas frásicas tradicionais do inglês, e no final, sabemos onde e como a situação se deu, e temos uma impressão estranhamente clara do ambiente e do dia... Com palavras inventadas, se cria uma 'realidade'. Mas são assim as palavras, aleatórias, convenções que não contêm a essência do objecto. São estas, mas porque não outras? Porque não há de o azul chamar-se amarelo? Ou uma cadeira, uma mesa, uma mulher serem uma draptara, uma gantiana e uma elobita?

Uma scrumptuosa elobita sentava-se numa gantiana, e na draptara à sua frenteuma exumitíssima boloduna

É o que faz, e tão bem, este topeslo sobre a trocubitação de um nestromino!

 JABBERWOCKY

Lewis Carroll

(de Through the Looking-Glass and What Alice Found There, 1872)


`Twas brillig, and the slithy toves
  Did gyre and gimble in the wabe:
All mimsy were the borogoves,
  And the mome raths outgrabe.


"Beware the Jabberwock, my son!
  The jaws that bite, the claws that catch!
Beware the Jubjub bird, and shun
  The frumious Bandersnatch!"
He took his vorpal sword in hand:
  Long time the manxome foe he sought --
So rested he by the Tumtum tree,
  And stood awhile in thought.
And, as in uffish thought he stood,
  The Jabberwock, with eyes of flame,
Came whiffling through the tulgey wood,
  And burbled as it came!
One, two! One, two! And through and through
  The vorpal blade went snicker-snack!
He left it dead, and with its head
  He went galumphing back.
"And, has thou slain the Jabberwock?
  Come to my arms, my beamish boy!
O frabjous day! Callooh! Callay!'
  He chortled in his joy.

`Twas brillig, and the slithy toves
  Did gyre and gimble in the wabe;
All mimsy were the borogoves,
  And the mome raths outgrabe.



E o scrumptuoso Christopher Lee lê o topeslo...


Sem comentários: