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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Os Anagramas de Varsóvia - Richard Zimler


Sinopse:

Um romance policial arrepiante e soberbamente escrito passado no gueto judaico de Varsóvia. Narrado por um homem que por todas as razões devia estar morto e que pode estar a mentir sobre a sua identidade...
No Outono de 1940, os nazis encerraram quatrocentos mil judeus numa pequena área da capital da Polónia, criando uma ilha urbana cortada do mundo exterior. Erik Cohen, um velho psiquiatra, é forçado a mudar-se para um minúsculo apartamento com a sobrinha e o seu adorado sobrinho-neto de nove anos, Adam.
Num dia de frio cortante, Adam desaparece. Na manhã seguinte, o seu corpo é descoberto na vedação de arame farpado que rodeia o gueto. Uma das pernas do rapaz foi cortada e um pequeno pedaço de cordel deixado na sua boca. Por que razão terá o cadáver sido profanado? Erik luta contra a sua raiva avassaladora e o seu desespero jurando descobrir o assassino do sobrinho para vingar a sua morte. Um amigo de infância, Izzy, cuja coragem e sentido de humor impedem Erik de perder a confiança, junta-se-lhe nessa busca perigosa e desesperada. Em breve outro cadáver aparece – desta vez o de uma rapariga, a quem foi cortada uma das mãos. As provas começam a apontar para um traidor judeu que atrai crianças para a morte.

Opinião:
Embora a sinopse fale desta história como um "romance policial", e ainda que tenha como pretexto crimes horrendos envolvendo crianças judaicas, talvez essa seja a vertente menos importante deste romance difícil de ler e impossível de pousar. Não foi, pelo menos, essa que eu retive - na verdade, guardo pouca memória de quem era o criminoso, mas ficaram-me marcados alguns episódios do quotidiano no ghetto e alguns acontecimentos relacionados com a vida e a morte. A perspectiva é a de um idoso judeu, psicologo reconhecido antes do encerramento no bairro judeu, e tio-avô da vítima; a sua visão da vida no ghetto, dos acontecimentos familiares, e si próprio e das suas aventuras policiais (imaginem-se dois idosos arrastando-se por túneis, escapando da polícia nazi, etc) é crua, ironica e, em certos momentos, quase humorística, evitando que a amargura caia no sentimentalismo; não consegui, ainda assiim, conter as lágrimas, nem mesmo na praia, para onde inocentemente decidi levar este livro... 

Não será decerto um daqueles livros que, uma vez lidos com agrado, depressa são esquecidos. 

1 comentário:

djamb disse...

O que cativou no livro foi termos a possibilidade de ver pelos olhos de um homem aquilo que se viveu nos guetos polacos: para além do horror que passaram, houve pequenos momentos de esperança e rotinas que não se quebraram. No meio disso tudo, as emoções tão frágeis e tão expostas de Erik são das poucas coisas que dão humanidade a esta história, que é tremendamente triste e chocante.